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Comissão vai convidar
Firmino para depor
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Comissão de Direitos Humanos da Câmara aprovou ontem o
envio à perícia das três fotos que
supostamente mostram o jornalista Vladimir Herzog nu, sob custódia do Exército, horas antes de
sua morte. O ex-cabo José Alves
Firmino, que entregou o material
para a comissão, também será
convidado a depor.
Ficou decidido que a perícia será feita por dois institutos independentes, mas seus nomes ainda
não foram escolhidos.
"Minha primeira proposta é
que estas fotos sejam exaustivamente periciadas", afirmou o presidente da comissão, deputado
Mário Heringer (PDT-MG).
Nenhum dos deputados da comissão disse ter certeza de que as
imagens retratam o jornalista.
"Tudo indica que é o Vladimir
Herzog. Mas precisamos do exame pericial de dois renomados
centros antes de ter certeza", disse
Miro Teixeira (PPS-MG).
Também preso no regime militar, o deputado Fernando Gabeira
(sem partido-RJ) foi mais taxativo. "Jamais vi alguém ficar nu
com relógio de pulso, porque o
relógio era retirado para a pessoa
perder a noção do tempo. Parece-me absolutamente irreal."
Os deputados vão solicitar às
Forças Armadas que sejam identificados e divulgados outros documentos relativos à repressão
política. O arquivo da Comissão
de Direitos Humanos será o primeiro a passar por um inventário.
Em 1997, Firmino deixou na comissão um conjunto de documentos sigilosos sobre as atividades de inteligência do Comando
Militar do Planalto. Entre os papéis estão relatórios de espionagem de partidos políticos nos
anos 90.
As três fotos, divulgadas no domingo pelo jornal "Correio Braziliense", mostram um homem nu,
sentado em um estrado de madeira, humilhado. A viúva de Herzog, apresentado como suicida
em 1975, reconheceu o jornalista
em uma das fotos, mas não teve
certeza sobre as outras duas.
Nota divulgada no domingo pelo Exército, em que o comando
considerou "legítimas" as formas
de repressão política, criou mal-estar na Força e no Planalto. Sob
ordens do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, o comandante Francisco Albuquerque divulgou nova
nota anteontem, desculpando-se
pelo teor da primeira.
Chico Alencar (PT-RJ) e Maria
do Rosário (PT-RS) pediram a
punição dos responsáveis pelo
primeiro texto. A deputada disse
que vai apresentar pedido de exoneração do general Antonio Gabriel Esper, chefe do Centro de
Comunicação Social do Exército.
A divulgação das três fotos provocou ainda reações dos deputados da Comissão de Direitos Humanos, que defenderam "filtros",
consultas às famílias e o aval da
comissão antes da publicação de
documentos.
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