São Paulo, sábado, 21 de outubro de 2006

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Com mais receitas, candidatos devem elevar teto de gastos

FÁBIO ZANINI
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Embaladas por despesas maiores do que imaginavam e pela generosa entrada de recursos, as campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB) devem elevar o teto de gastos que haviam informado ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
No caso do PT, o teto de R$ 89 milhões deve sofrer uma revisão em torno de 15%, o que o faria ultrapassar a casa dos R$ 100 milhões. Na campanha de 2002, Lula gastou R$ 39 milhões (em valores atualizados, cerca de R$ 50 milhões, metade da previsão de agora). Já o do PSDB subirá de R$ 85 milhões para R$ 95 milhões.
A legislação eleitoral permite a revisão do teto de gastos. O fato de o teto aumentar não significa necessariamente que ele será atingido. No caso dos tucanos, é uma medida preventiva, segundo o coordenador da campanha de Alckmin, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE). "Pedimos autorização, não quer dizer que vamos gastar isso. Acho que a gente não chega lá não", disse Guerra.
Na campanha de Lula, os gastos estouraram basicamente na distribuição de material de campanha: bandeiras, panfletos, folders e cartilhas. A prestação parcial de contas da candidatura de Lula de setembro registra despesa de R$ 4,68 milhões em publicidade por placas, estandartes, faixas e materiais impressos.
O que fez o comitê petista gastar além do previsto foram novas idéias que surgiram ao longo da campanha, principalmente a confecção de material "direcionado" aos mais diferentes grupos de eleitores. Assim, foram criados impressos, por exemplo, para pequenos municípios, agricultores, deficientes físicos e pescadores, entre outros.
"A demanda por material é muito grande. É uma choradeira em todos os Estados, por mais que se faça, nunca chega", disse Gleber Naime, coordenador do GTE (Grupo de Trabalho Eleitoral) da campanha.
A arrecadação de campanha do PT começou morna, com o partido inclusive atrasando alguns pagamentos ao marqueteiro João Santana. Mas depois o dinheiro começou a jorrar.
Segundo a prestação de contas parcial de setembro, a candidatura de Lula havia arrecadado, até aquela altura, R$ 15,1 milhões, enquanto o comitê presidencial do PT, que tem contabilidade separada, registrou entrada de R$ 22,32 milhões. É provável, no entanto, que parte do dinheiro da conta do candidato seja repasse da conta do comitê, mas isso só será possível saber após a eleição, quando a lista de doadores for divulgada.
Segundo Paulo Ferreira, responsável pelos gastos de infra-estrutura do comitê de Lula, a campanha tem sido dispendiosa. "Contratar pessoal, cuidar de hospedagem, distribuir material, tudo isso é muito caro. As despesas de campanha em um país com as dimensões territoriais do Brasil são muito altas", afirmou.
Ele não quis dar detalhes sobre o aumento do teto de gastos, com o argumento de que essa área está sob responsabilidade do tesoureiro de campanha, José de Filippi Junior, que não atendeu a reportagem até o fechamento desta edição.
Nos últimos dois dias, Ferreira ocupou-se de assinar contratos com fornecedores, em São Paulo. "Estou correndo aqui", disse, anteontem.


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