São Paulo, domingo, 21 de outubro de 2007

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Agências de Marcos Valério ganharam licitação suspeita

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Usadas, segundo a PF, para misturar dinheiro público e doações irregulares no caixa da campanha de 1998 à reeleição do então governador Eduardo Azeredo, as agências de Marcos Valério entraram no governo mineiro por meio de concorrência feita em 1993, na gestão Hélio Garcia (1991-1994).
Na concorrência 002/93, a SMPB ficou em primeiro lugar, e a DNA, em quarto. Dos cinco membros da comissão especial de licitação que analisou o certame, dois foram indiciados sob suspeita de peculato (crime de funcionário público se apropria ou desvia recurso público) no inquérito do valerioduto tucano, concluído em julho.
São eles: Eduardo Guedes Neto, secretário-adjunto de Comunicação na gestão Azeredo e subsecretário do setor sob Aécio de 2003 a outubro de 2005; e José Afonso Bicalho da Silva, presidente do extinto banco Bemge na gestão Azeredo. O presidente da comissão foi o atual vice-governador Antônio Anastasia (PSDB).
Em 1995, dos R$ 34,8 milhões empenhados (reservados para o gasto) para publicidade, R$ 21,5 milhões (61,7%) ficaram com SMPB e DNA.
Inspeção do TCE-MG sobre os gastos publicitários de Azeredo de 1995, acessada pela Folha, aponta que, embora tenha ficado em quarto lugar na licitação, a DNA foi a segunda a receber mais recursos no ano -atrás apenas da SMPB. Cita ainda um aumento de verbas para a DNA de 8.627% -R$ 90 mil para R$ 7,7 milhões- em relação ao empenho inicial para uma campanha da Fazenda.
Em 96, DNA e SMPB ficaram em primeiro e segundo lugares em licitação da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) -concorrência que, segundo a PF, foi direcionada às agências. Para a PF, pelo menos R$ 1,6 milhão pago pela Cemig à SMPB financiou o suposto valerioduto tucano. As despesas com propaganda da estatal de 1996 a 98 somaram R$ 42,6 milhões -apenas no ano eleitoral de 98 a SMPB recebeu R$ 5,4 milhões da companhia.

Outro lado
A Cemig diz que a campanha que, segundo a PF, foi simulada para desviar dinheiro, teve aprovação do TCE. Guedes Neto e Bicalho da Silva não foram localizados pela Folha.


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