São Paulo, terça-feira, 21 de outubro de 2008

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Gabeira vê ciúme em Paes, que o chama de oco

RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

ANDRÉ ZAHAR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ONLINE, NO RIO

O candidato do PMDB a prefeito do Rio, Eduardo Paes, atacou ontem Fernando Gabeira (PV), afirmando que o adversário tem uma candidatura "vazia, oca, despreparada", de "oba-oba" e sem propostas.
Gabeira disse que Paes tem "ciúmes" dele. À noite, o ex-perseguido pela ditadura militar reuniu-se com oficiais militares reformados e elogiou o "amadurecimento democrático" das Forças Armadas.
"Faltam propostas ao candidato [Gabeira]. O que há é só "oba-oba", musiquinha, muito artista na TV falando. Respeito todos, cantam muito bem, mas infelizmente não vamos passar os quatro anos ouvindo Caetano Veloso tocando "Cidade Maravilhosa" [como no programa de Gabeira]", disse Paes.
O adversário rebateu dizendo que o comentário carrega "um pouco de ciúme". "Se o Caetano decidisse gravar para ele [Paes], ele o colocaria em todos os seus programas."
Paes disse ser contra a legalização da prostituição ao ser indagado sobre panfletos impressos por vereadora aliada e distribuídos em frente a igrejas evangélicas, segundo os quais Gabeira "cancela o crime de tráfico de mulheres para fins sexuais" e "cancela o crime de exploração sexual infantil". Para Gabeira, "é uma tentativa de deformar os projetos e me comprometer com o eleitorado mais conservador."
O candidato do PV, que levou dois tiros das forças de segurança do Exército após ter participado do seqüestro do embaixador americano Charles Elbrick, em 1969, reuniu-se à noite com oficiais reformados de Exército e Aeronáutica no Clube Militar. O encontro foi classificado como "histórico" por Gabeira e "inusitado" pelo presidente do clube, general da reserva Gilberto Figueiredo.
Gabeira teve uma reunião fechada por cerca de meia hora com Figueiredo, oficiais e o ex-comandante do Bope (Batalhão de Operações Especiais) Rodrigo Pimentel. Ele disse ter feito uma exposição sobre a situação do Rio e sugerido o apoio dos militares na área de inteligência contra o crime organizado. Segundo Gabeira, as posições opostas do passado foram mencionadas "rapidamente".
"O Exército amadureceu democraticamente e hoje nós temos uma relação muito mais produtiva e harmônica." Embora Gabeira tenha dito que o evento ocorreu por um interesse "bilateral", Figueiredo disse que a iniciativa partiu da campanha. "É um encontro meio inusitado, um antigo guerrilheiro sendo recebido no Clube Militar", afirmou ele.


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