São Paulo, Domingo, 21 de Novembro de 1999
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VIAGEM
Em Florença, Fernando Henrique Cardoso defende políticas sociais "ativas"
Presidente participa de cúpula

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
enviado especial a Florença


O presidente Fernando Henrique Cardoso espera que a cúpula do que está sendo chamado no Palácio do Planalto de "social-democracia renovada" ajude a encontrar fórmulas de "compatibilizar economia sadia com políticas sociais ativas".
O movimento inicialmente intitulado "Terceira Via" está realizando sua primeira reunião de cúpula em Florença, cidade toscana que foi capital da Itália entre 1865 e 1871.
Seis chefes de governo estão presentes: Tony Blair, do Reino Unido, Bill Clinton, dos Estados Unidos, Lionel Jospin, da França, Gerard Schroeder, da Alemanha, e Massimo D'Alema, da Itália, além de FHC. Os presidentes da Comissão Européia, o italiano Romano Prodi, e da Internacional Socialista, o português Antonio Guterres, também comparecem.
O nome "Terceira Via" está sendo abandonado como designação do conjunto de idéias políticas que o primeiro ministro britânico Tony Blair vem tentando consolidar em articulação com líderes de outros países com os quais julga ter afinidades.
A conferência de Florença usa a expressão inglesa "progressive governance", ou "forma progressista de governar". Os italianos adotaram "reformismo".
Assessores de FHC envolvidos com o debate estão optando por "nova social-democracia" ou "social-democracia renovada".
Ninguém espera deliberações dramáticas desta cúpula, como, por exemplo, a criação de uma entidade que se contraponha à Internacional Socialista.
A presença de Guterres, decidida esta semana, tem o propósito de distanciar a "Terceira Via" de eventual contestação à Internacional Socialista (à qual os partidos dos governantes presentes, menos o Democrata de Clinton e o PSDB de FHC, pertencem).
Um livro deverá ser publicado com os documentos trazidos pelos participantes e com uma súmula dos debates de hoje.
Florença, que o escritor português Miguel Torga chamou de "flor das cidades", está tomada por 3 mil policiais italianos, vinte carros blindados e 500 policiais norte-americanos por causa da presença dos chefes de governo.
O encontro, com custo estimado em US$ 1 milhão, é patrocinado pela Universidade de Nova York e pelo Instituto Universitário Europeu. Cerca de mil jornalistas vierem para cobri-lo.
Cada chefe de governo ganhará uma gravata especialmente concebida para eles pelo estilista Stefano Ricci. As quatro primeiras-damas presentes (Ruth Cardoso, Hillary Clinton, Cherie Blair - que está grávida- e Linda Giuva) ganharão uma bolsa da grife Giulia Ligresti. Os participantes vão comer refeições preparadas pelo "chef" Gianfranco Vissani.
FHC viajou ontem de manhã de Roma a Florença, num trem EuroStar, que cobriu os 250 quilômetros da distância em cerca de 90 minutos.
Chegou a Florença e foi para o Palácio Pitti, onde almoçou com o primeiro-ministro Massimo D'Alema. O palácio, do século 15, serviu de moradia para a família Medici a partir de 1550.


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