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SISTEMA FINANCEIRO
Representantes do mercado financeiro que foram punidos pelo ""conselhinho" reagem às decisões
Beneficiários têm posições distintas
Da Reportagem Local
O empresário Mário Garnero
está recorrendo à Justiça para tentar anular a multa de R$ 3.490 decidida pelo Conselho de Recursos
do Sistema Financeiro Nacional.
Garnero não se conforma com a
punição, aplicada a título de suavizar a pena de afastamento do
mercado financeiro por dois anos
imposta anteriormente pelo Banco Central.
Os advogados de Garnero informam que ele obteve liminar autorizando o depósito da quantia em
juízo, aguardando o desfecho de
ação anulatória.
Garnero foi punido em processo sobre irregularidades no Banco
Sulbrasileiro, do qual era acionista minoritário e membro do Conselho de Administração.
O Banco Central, segundo seus
advogados, havia aplicado a pena
de inabilitação para todos os
membros do conselho do banco.
Em sua defesa, Garnero alegou
que a intervenção foi realizada
poucos meses depois de ter sido
empossado. E que as operações
consideradas irregulares não teriam sido aprovadas nas duas assembléias das quais participou.
Fernando Luiz Nabuco de
Abreu, ex-presidente da Bolsa de
Valores de São Paulo, e que também teve a pena de inabilitação
temporária transformada em
multa no ano passado, diz que
não vai recorrer da decisão na
Justiça.
Nabuco disse que usava recursos da sua corretora, a Baluarte,
como adiantamento para eventos
da Confederação Brasileira de Ciclismo, da qual era presidente.
"Isso não deu prejuízo a ninguém, não afetou o mercado. Eu
vendi a corretora, depois, e nunca
recebi nenhuma reclamação."
Nabuco diz que o BC, naquela
época, "por injunções políticas",
resolveu punir todo mundo com
penas extremamente duras.
O investidor Sílvio Tini de
Araújo, punido pela CVM sob a
acusação de burlar limites para
negociar ações da Paranapanema,
também defende a tese de que essas operações "não prejudicaram
ninguém".
"Não dei prejuízo a ninguém.
Fiz opções em cima de minhas
próprias ações", diz. "No dia do
vencimento, eu paguei. As ações
continuam comigo".
Araújo confirma que usou seu
motorista e um assessor como
"laranjas". "Usei o nome de meus
empregados, com aquiescênciada
Bolsa", disse.
Araújo disse que considera a
multa "arbitrária". Segundo sua
interpretação, a norma que fixa limites de concentração para pessoas físicas é inadequada: "Quanto maiores os negócios, maiores
são as comissões para as Bolsas."
"Se eu estava errado, não fiz de
minha cabeça. Foi proposta do
meu corretor (da corretora Baluarte). Todo o mundo foi absolvido e sobrou para mim. Mas a
corretora e a Bolsa aprovaram o
cadastro", disse.
Em telefonema à Folha, nesta
sexta-feira, Nabuco negou que
sua corretora tivesse orientado
Araújo a operar com "laranjas".
Raymundo Magliano Filho, representante das Bolsas de Valores
no "conselhinho" -e relator do
processo que transformou em
multa a inabilitação aplicada a
Nabuco-, disse que não havia
impedimento para a sua atuação.
Magliano confirmou que sua
corretora, anos atrás, também foi
multada sob a acusação de falta de
lastro. "Tínhamos lastro suficiente. Na época, havia a possibilidade
de recompra dos títulos. Mas se fizéssemos isso, haveria o Imposto
de Renda para os clientes".
Ele diz que fez provisão no balanço, orientado pelos auditores,
o que as regras de contabilização
do BC não aceitavam. "Nenhum
cliente foi lesado, o fisco não foi
lesado, as multas são devidas a aspectos técnicos e formais", disse.
O superintendente da área jurídica do Banco Cidade, Artur Vidal, confirmou a decisão do "conselhinho" que aplicou multa a
Abramo Douek, ex-diretor do
banco, no processo em que foi
transformada em arquivamento a
inabilitação aplicada pelo BC a
Edmundo Safdié, presidente do
banco, e aos diretores Isaac Harari e Henry de Clisson. Vidal disse
que o banco concordou com a decisão, mas a instituição não pretendia se manifestar a respeito.
A assessoria do grupo Fenícia
também confirmou as multas
aplicadas a ex-dirigentes do banco (que está sendo transformado
em instituição não-financeira).
Ele informou que o grupo também não pretendia se manifestar.
Procurados pela Folha, dirigentes e ex-administradores dos demais bancos citados não quiseram se manifestar ou não foram
localizados.
(FV)
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