São Paulo, segunda-feira, 21 de novembro de 2005

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Documento de campanha petista, lido três anos depois, revela ironia

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Luiz Inácio Lula da Silva, José Dirceu e Antonio Palocci defendem a CPI, elogiam o papel investigativo da imprensa e condenam votos de parlamentares conquistados de maneira espúria. O documento de campanha "Combate à Corrupção, Compromisso com a Ética", lido três anos depois, está recheado de ironias.
"Compromisso: partilhar com o Congresso Nacional uma atitude de combate intransigente a práticas de relações espúrias do Executivo com parlamentares, visando conquistar seus votos ou obter sua omissão na atividade fiscalizadora", diz um trecho, muito antes de o "mensalão" ser adicionado ao léxico político brasileiro.
Dos 19 deputados envolvidos nas denúncias do "mensalão", sete são do PT. Apenas Paulo Rocha (PA) renunciou e os outros do partido enfrentam processos na Câmara dos Deputados.
O documento foi feito tendo por base um projeto do Instituto Cidadania, ONG que tinha o atual presidente como eminência parda, há dez anos. Na época, a coordenação foi entregue a Dirceu, que acabara de perder a disputa pelo governo de São Paulo.
"Este documento incorpora todos os resultados consensuais da série de seminários que o Instituto Cidadania realizou em 1995 e 1996, sob a responsabilidade do deputado José Dirceu, para propor estratégias e ações eficazes para o combate à corrupção", diz o plano anticorrupção de Lula.
Segundo o texto, um exemplo de atitude louvável é a investigação feita pelo Congresso Nacional durante a CPI dos Anões do Orçamento, em 1993. Nessa época, o PT defendia que deputados pegos em flagrante deveriam ser punidos com dureza.
"A CPI do Orçamento foi um marco no esforço para estabelecer novos padrões de moralidade na relação entre o Executivo e o Parlamento. Deputados e até senadores perderam seus mandatos, por comportamentos incompatíveis com a dignidade da função parlamentar", dizia o documento.
A imprensa, hoje considerada parte da "conspiração elitista" para desacreditar o PT, tinha, para o Lula candidato, atitudes louváveis: "A imprensa brasileira tem cumprido em vários contextos a sua função investigativa e de denúncia, ecoando as exigências da opinião pública".
Tais compromissos, ainda de acordo com o texto, eram conseqüência de uma "trajetória de lutas contra a corrupção". (FZ)

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