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Documento de campanha petista, lido três anos depois, revela ironia
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Luiz Inácio Lula da Silva, José
Dirceu e Antonio Palocci defendem a CPI, elogiam o papel investigativo da imprensa e condenam
votos de parlamentares conquistados de maneira espúria. O documento de campanha "Combate
à Corrupção, Compromisso com
a Ética", lido três anos depois, está
recheado de ironias.
"Compromisso: partilhar com o
Congresso Nacional uma atitude
de combate intransigente a práticas de relações espúrias do Executivo com parlamentares, visando
conquistar seus votos ou obter
sua omissão na atividade fiscalizadora", diz um trecho, muito antes de o "mensalão" ser adicionado ao léxico político brasileiro.
Dos 19 deputados envolvidos
nas denúncias do "mensalão", sete são do PT. Apenas Paulo Rocha
(PA) renunciou e os outros do
partido enfrentam processos na
Câmara dos Deputados.
O documento foi feito tendo por
base um projeto do Instituto Cidadania, ONG que tinha o atual
presidente como eminência parda, há dez anos. Na época, a coordenação foi entregue a Dirceu,
que acabara de perder a disputa
pelo governo de São Paulo.
"Este documento incorpora todos os resultados consensuais da
série de seminários que o Instituto Cidadania realizou em 1995 e
1996, sob a responsabilidade do
deputado José Dirceu, para propor estratégias e ações eficazes para o combate à corrupção", diz o
plano anticorrupção de Lula.
Segundo o texto, um exemplo
de atitude louvável é a investigação feita pelo Congresso Nacional
durante a CPI dos Anões do Orçamento, em 1993. Nessa época, o
PT defendia que deputados pegos
em flagrante deveriam ser punidos com dureza.
"A CPI do Orçamento foi um
marco no esforço para estabelecer
novos padrões de moralidade na
relação entre o Executivo e o Parlamento. Deputados e até senadores perderam seus mandatos, por
comportamentos incompatíveis
com a dignidade da função parlamentar", dizia o documento.
A imprensa, hoje considerada
parte da "conspiração elitista" para desacreditar o PT, tinha, para o
Lula candidato, atitudes louváveis: "A imprensa brasileira tem
cumprido em vários contextos a
sua função investigativa e de denúncia, ecoando as exigências da
opinião pública".
Tais compromissos, ainda de
acordo com o texto, eram conseqüência de uma "trajetória de lutas contra a corrupção".
(FZ)
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