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Indefinição sobre 2º governo gera desconfiança entre aliados
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A promessa do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva de jogar para um futuro incerto a
composição de seu segundo governo reacendeu velhos traumas entre partidos aliados. O
presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), que tem
reunião marcada com Lula para amanhã, disse que negociar
simultaneamente a direção das
duas Casas e a reforma ministerial é "inconveniente".
"Acho que os dois assuntos
não deveriam ser misturados",
disse Temer ontem. O peemedebista apoiou Geraldo Alckmin (PSDB) nas eleições.
Peemedebistas historicamente mais afinados com Lula
têm dito, nos bastidores, que
consideram "maluquice" protelar o desenho do segundo governo. Será difícil, segundo
eles, segurar totalmente o partido no barco petista sem saber
ao menos a quantas pastas terá
direito. O PMDB quer quatro
ministérios ao menos, mas teme que Lula condicione essa fatia no governo à desistência de
presidir a Câmara.
No passado, a decisão de Lula
de deixar as negociações com
os partidos em suspenso já custou caro. Quando formou seu
primeiro ministério, no final de
2002, o presidente deixou correrem versões de que abraçaria
o PMDB logo de cara. Delegou a
José Dirceu a tarefa de negociar com a sigla. Na última hora,
desfez o acordo. Dois anos depois, antes da crise do "mensalão", Lula submeteu partidos
aliados a uma agonia de nove
meses, numa reforma que deu
mais poder ao PMDB, tirou espaço do PT e contemplou o PP.
Agora, Lula demonstra não
ter pressa. O PSB, por exemplo,
deverá ter uma conversa com o
petista apenas depois de sua
viagem à Nigéria, em dezembro. "Não estamos apreensivos", disse o presidente interino da sigla, Roberto Amaral.
Na reunião com Lula, Temer
espera convite formal para
compor o governo. Deve dizer
ao presidente que ele tem o direito de formar seu governo,
mas que deve saber do risco que
um atraso representaria para a
unidade do PMDB.
(FÁBIO ZANINI E ADRIANO CEOLIN)
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