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Venezuela não oferece risco, diz Itamaraty
Embaixador leva à CCJ da Câmara estudo que afirma que rearmamento venezuelano não ameaça soberania brasileira
Deputados devem votar hoje protocolo de adesão do país governado por Chávez ao Mercosul; Carlos Pio, da UnB, defendeu a rejeição
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério das Relações
Exteriores do Brasil realizou
um estudo sobre a atuação e o
processo de rearmamento das
Forças Armadas da Venezuela.
Chegou à conclusão de que não
há ameaça aparente à soberania brasileira hoje.
O estudo foi comentado, sem
detalhes, pelo secretário-geral
do Itamaraty, Samuel Pinheiro
Guimarães. Ele não precisou
quando o estudo foi feito, o que
ajudaria a explicar se o discurso
das autoridades de que a Venezuela não é um perigo foi embasado nele ou se apenas há consonância de opiniões.
Os comandantes militares,
contudo, usam o "risco Hugo
Chávez" como justificativa para novos investimentos nas
Forças Armadas. Nas últimas
semanas, os comandantes repetem em público o estado de
penúria de seus equipamentos.
Chávez já anunciou gastos da
ordem de US$ 4 bilhões em novos equipamentos, a maior parte vinda da Rússia.
Mesmo sem detalhar, Guimarães citou trechos do estudo
ontem em audiência pública na
Câmara dos Deputados. Há argumentos que não contemplam, contudo, análises de cenários futuros.
Falou de distribuição de tropas, por exemplo. "As Forças
Armadas da Venezuela, estão
todas elas ao norte do país. Não
há Forças Armadas venezuelanas na fronteira com o Brasil",
assinalou o diplomata. Ocorre
que o maior risco que analistas
vêem, e não imediatamente,
mas num futuro próximo, é o
de a Venezuela se envolver em
conflitos com vizinhos -e não
uma invasão da Amazônia.
Sobre as compras chavistas,
segundo o diplomata brasileiro
o objetivo da Venezuela seria
apenas reequipar suas Forças
Armadas, trocando armas obsoletas por novas. "Não há nenhum risco à soberania nacional brasileira", disse.
Para ele, a compra de 24 caças russos apenas visava substituir os 22 caças americanos F-16 que o país comprou nos anos
80, que caducaram e não podem ser modernizados porque
os EUA vetam a venda de componentes militares à Venezuela. Não citou o fato de que a
Força Aérea de Chávez tem planos bem mais ambiciosos, com
a ampliação da frota de Sukhoi.
"Acredito sinceramente (...)
que o que está se verificando na
Venezuela, pelas informações
que levantamos, pelo estudo
que fizemos, é o reequipamento das Forças Armadas", disse.
A audiência pública foi convocada pela CCJ (Comissão de
Constituição e Justiça) da Câmara para debater a entrada da
Venezuela no Mercosul, cujo
protocolo de adesão será votado hoje. O professor Carlos Pio,
da Universidade de Brasília, defendeu posição contrária à entrada do país de Chávez.
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