São Paulo, sábado, 21 de novembro de 1998

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INVESTIGAÇÃO
Empresário do grupo La Fonte também será ouvido sobre leilão
Procuradoria chama Arida e Dantas, do Opportunity

FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio


Os sócios do Banco Opportunity Daniel Dantas e Persio Arida e o empresário Carlos Jereissati, do grupo La Fonte, foram convocados a depor no dia 30 de novembro no inquérito civil público sobre a privatização do sistema Telebrás aberto pela Procuradoria da República no Rio .
Ontem foram expedidas as convocações para os três. O inquérito da Procuradoria da República no Rio investiga se houve favorecimento de empresas do setor privado no processo de venda das teles.
O grupo La Fonte integra o consórcio Telemar, que venceu o Opportunity no leilão da Tele Norte Leste. O ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros (Comunicações) admitiu na quinta, no Senado, que tinha "preferência pessoal" pelo consórcio do Opportunity.
Os procuradores Rogério Nascimento, Daniel Sarmento e Flávio Paixão abriram o inquérito porque consideraram haver indícios de improbidade administrativa por autoridades federais. A improbidade administrativa é um ato ilícito com sanções desde multa até a perda de direitos políticos.
Os procuradores não agem com base nas conversas gravadas clandestinamente porque elas resultam de um ato ilícito -o grampo- e não servem como prova.
"Agimos com base nas declarações públicas de Mendonça de Barros confirmando o teor das fitas", afirmou Sarmento. Na segunda, será enviada ao procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, uma solicitação para que ele convoque o ministro a depor.
Também serão chamados para prestar esclarecimentos André Lara Resende, presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), José Pio Borges, vice-presidente do BNDES, e Ricardo Sérgio de Oliveira, diretor do Banco do Brasil.
Os procuradores também solicitaram ao Banco do Brasil e ao BNDES documentos referentes à privatização da Tele Norte Leste e da Tele Centro Sul (arrematada pelo consórcio do Opportunity).
O objetivo é checar especialmente os documentos referentes à concessão de financiamentos e cartas de fiança aos consórcios que disputaram as duas empresas.
˛ Polícia Federal
A Polícia Federal buscará pistas sobre o grampo na sede do BNDES, no Rio, investigando técnicos de prestadoras de serviços da Telerj e funcionários do banco que em julho tiveram acesso aos gabinetes telefônicos do prédio.
Peritos do INC (Instituto Nacional de Criminalística), órgão da PF, analisaram as duas fitas do grampo, mas não conseguiram concluir se a escuta foi instalada dentro ou fora da central telefônica digitalizada da sede do BNDES.
Por enquanto, segundo nota da PF, foi constatado que "o telefone, objeto de escuta clandestina, estava, efetivamente, localizado no gabinete do presidente do BNDES.



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