São Paulo, sábado, 21 de novembro de 1998

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Líder afirma que ministro não sairá

da Sucursal de Brasília

O líder do governo no Congresso, senador José Roberto Arruda (PSDB-DF), disse ontem que o ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros (Comunicações) não deixará o governo. "Ao que me consta, o ministro tem a confiança do PSDB e do presidente (Fernando Henrique Cardoso). Não podemos fazer linchamento público em cima de achômetro (sic)", afirmou.
A Folha apurou que a cúpula tucana avalia que a demissão do ministro agora seria uma demonstração de fraqueza do presidente e o reconhecimento de que houve irregularidades no processo de privatização do Sistema Telebrás.
Para os tucanos, as críticas dos partidos aliados têm a intenção de diminuir a participação do PSDB no governo. "Não estou de acordo que, enquanto a Polícia Federal e o Ministério Público fazem o seu trabalho, o Congresso atropele essas instituições democráticas por razões políticas", disse Arruda.
Políticos do PFL e do PMDB têm cobrado a demissão do ministro e aproveitado para defender um equilíbrio maior na distribuição dos ministérios entre os partidos.
"Esperamos uma distribuição igualitária de poder entre os aliados e confiamos nos critérios políticos e administrativos do presidente", disse o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).
O líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), quer a demissão imediata do ministro. "Ele está perdendo as condições políticas de continuar. É constrangedor para a base aliada dar explicações sobre os atos do ministro."
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Ministro
Mendonça de Barros foi abandonado pelos próprios aliados do governo no Senado. Por motivos políticos e até pessoais, líderes e senadores governistas contribuíram para o fracasso do depoimento do ministro na última quinta-feira.
O PFL e o PMDB querem bombardear a indicação do tucano Mendonça de Barros para o poderoso Ministério da Produção.
Motivado por mágoas pessoais, nem o líder do governo no Senado, Elcio Alvares (PFL-ES), deu amparo ao ministro. Elcio não recebeu Mendonça de Barros na chegada ao Congresso, não estava entre os demais líderes governistas que foram encontrá-lo no gabinete de ACM e, na sessão, se negou a usar os cinco minutos de que dispunha para falar como líder do governo.
O líder do PMDB, Jader Barbalho (PA), surpreendeu até a oposição pelo rigor com que interpelou o ministro. "Ele foi duro. Uma das perguntas que ele fez estava na minha lista", disse o petista José Eduardo Dutra (SE). Barbalho deixou o plenário defendendo a renúncia de Mendonça de Barros.
O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), alterou a ordem dos inscritos para antecipar a pergunta do senador Jefferson Peres (PSDB-AM), sabendo que ele seria duro. Peres colocou em dúvida a ética do ministro na condução da venda Telebrás.
ACM permitiu que Pedro Simon (PMDB-RS), Roberto Requião (PMDB-PR) e Eduardo Suplicy (PT-SP) -os mais contundentes nas críticas ao ministro- extrapolassem seu tempo de intervenção.
(LUIZA DAMÉ, DENISE MADUEÑO e RAQUEL ULHÔA)



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