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QUESTÃO AGRÁRIA
Sem-terra dizem que vão intensificar protestos
MST invade duas fazendas em PE e tenta saquear caminhão
e da Sucursal de Brasília
Duas fazendas foram invadidas
ontem na Zona da Mata e agreste
de Pernambuco por lavradores ligados ao MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra).
As propriedades foram tomadas
por 75 famílias acampadas nas regiões de Vitória de Santo Antão,
Glória de Goitá e Buíque. Não houve registro de confronto.
O único incidente envolvendo
trabalhadores sem terra ocorreu
em Escada -também na Zona da
Mata- durante tentativa de saque
a um caminhão carregado com arroz, feijão e café.
O veículo foi interceptado na rodovia que liga o município a Vitória de Santo Antão e o motorista
obrigado a conduzi-lo até o engenho Camaçari, onde estão acampadas cerca de 80 famílias.
Policiais militares foram alertados e seguiram até o local. No engenho, conseguiram dispersar os
lavradores com tiros para o alto e
recuperar a carga, sem feridos.
Com as ações de ontem, subiu
para seis o número de propriedades invadidas desde domingo em
Pernambuco pelo MST. No período foram registrados ainda um saque e uma tentativa de saque.
Segundo o movimento, as invasões vão ser intensificadas hoje e
amanhã, últimos dias da 3ª Jornada de Luta pela Terra, evento que
tem como objetivo mobilizar os
trabalhadores e exigir rapidez no
processo de reforma agrária.
De acordo com o MST, o maior
número de ações deverá ocorrer
amanhã. A expectativa é de que pelo menos dez fazendas sejam invadidas durante o fim-de-semana.
A maior invasão de ontem ocorreu em Buíque, no agreste pernambucano. Cerca de 45 famílias
voltaram a acampar na fazenda Sanharó, de onde haviam sido despejadas em julho. A segunda invasão
foi feita por 30 agricultores, a cerca
de 50 km de Recife.
²
São Paulo
O ministro da Justiça, Renan Calheiros, e o ministro de Política
Fundiária, Raul Jungmann, vão
apresentar denúncia e pedir que o
Ministério Público Federal fiscalize o inquérito sobre a destruição
da sede da fazenda Rio Verde, em
Itararé (SP).
Na próxima semana, os dois ministros vão conversar sobre o tema
com o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro.
Ontem, no Ministério da Justiça,
Renan Calheiros e Raul Jungmann
receberam Roberto Maschietto,
68, proprietário da fazenda há 32
anos, em um "ato de solidariedade" pelo ocorrido.
Segundo o proprietário, a sede
de sua fazenda foi invadida e depredada por cerca de 30 sem-terra,
armados e com capuz.
Ele conta que seu filho foi ferido
na boca e que teve dinheiro, jóias e
gado roubados. Os sem-terra deixaram a sede, mas ainda estariam
dentro da propriedade, desrespeitando decisão judicial.
Os representantes do governo
classificaram a ação de "banditismo". "Não aceitamos violência",
disse Jungmann. O ministro afirmou que será feita vistoria para
atestar se a propriedade invadida
de 3.800 hectares é produtiva.
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