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Policiais, sem salário, ficam nos quartéis
do enviado especial
Não sair de casa para não morrer. É esse o conselho que o presidente da Associação de Cabos e
Soldados dá aos capixabas enquanto os 8.000 homens da Polícia
Militar permanecem aquartelados.
"Recomendamos às pessoas não
sair de casa e ao comércio não
abrir as portas para não correr risco de vida", diz o cabo Messias da
Silva, 35, presidente da associação.
Segundo ele, só na quinta-feira
houve cinco assaltos a banco no
Estado. A Secretaria de Segurança
Pública, no entanto, fala em dois.
"A tendência é piorar a partir do
final de semana", avalia o cabo Silva, que é casado e tem duas filhas,
de 3 e 8 anos.
Há quatro meses sem receber o
salário de R$ 750, segundo diz, o
policial conta que quem está sustentando a família é a mulher. '"Estamos conseguindo sobreviver da
costura dela para fora", afirma ele.
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Penúria no palácio
A crise financeira do Espírito
Santo chegou ao Palácio Anchieta,
a sede do Executivo. Literalmente,
até as ante-salas do poder.
Falta toalha de papel para enxugar as mãos no banheiro do gabinete do governador do Estado.
Não só. Vitor Buaiz diz que vários telefones foram cortados por
falta de pagamento. E diárias e viagens foram suspensas.
'"Estamos em uma economia de
guerra", afirma ele. Como os cerca
de 45 mil funcionários públicos estaduais, Buaiz também não vê a
cor do salário bruto de R$ 11.250 há
quatro meses.
É esse o salário que o governador, um professor licenciado, conta para sustentar a família: os três
filhos e a mulher -uma assistente
social que trabalha sem remuneração.
Até agora, entretanto, ele afirma
que, se teve que cortar gastos no
orçamento público, o familiar ainda não precisou ver a tesoura.
"Temos uma vida muito discreta. Nunca saio para jantar, tomar
cerveja, nem nada. Sempre foi uma
vida muito regrada."
Sua situação financeira deve se
agravar quando ele deixar o governo e voltar a dar aulas na Universidade Federal do Espírito Santo.
Segundo ele, seu salário como
professor é de cerca de R$ 600. "Está congelado há quatro anos", diz,
repetindo queixa da maioria dos
funcionários públicos.
(LAR)
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