São Paulo, Terça-feira, 21 de Dezembro de 1999


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Sócios traçaram estratégia já em 94

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
da Reportagem Local

A Embraer está sendo preparada para ser vendida para outros grupos desde que foi privatizada, em 1994. A estratégia dos novos donos foi fazer a empresa crescer e se tornar lucrativa para ser vendida com grande lucro, segundo avaliação de especialistas do mercado financeiro.
Os três sócios controladores -grupo Bozano, Simonsen, Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil) e Sistel (fundo de pensão da antiga Telebrás)- são investidores e não empresários.
Ou seja, eles investiram na Embraer não para se tornarem donos de uma empresa de aviação, mas porque identificaram uma oportunidade de um bom negócio: comprar uma companhia em situação financeira ruim, na qual o Estado não tinha mais condições de investir, mas que tinha potencial para crescer e dar lucros.

Participações
Esse perfil dos três sócios se revela no número de empresas nas quais eles têm interesse: o grupo Bozano Simonsen, por exemplo, participa de mais de 40 empresas, e a Previ tem ações de cerca de 90 companhias.
Recentemente, o presidente da Embraer, Maurício Botelho, deixou claro essa política ao afirmar ao jornal "Financial Times" que o único interesse dos controladores da empresa é o lucro: "Não temos interesse especial pela aviação. Nosso interesse é um ramo capaz de dar retorno de 30%". No ano passado a Embraer teve lucros de R$ 382 milhões.
Depois de exatos cinco anos depois que foi privatizada (a venda foi em 7 de dezembro de 1994), a Embraer é muito atraente porque se tornou o maior exportador do país e tem uma carteira de encomendas que deve garantir que seu faturamento dobre em dois anos.
A expectativa dos analistas do mercado financeiro é que a companhia fature cerca de US$ 1,8 bilhão neste ano; para o próximo ano, a projeção é de algo entre US$ 2,5 bilhões a US$ 3 bilhões; em 2001, o faturamento deverá chegar próximo de US$ 4 bilhões.

Cortes de despesas
Para conseguir esses resultados, a nova direção da empresa adotou uma série de cortes de despesas e uma política comercial considerada bastante agressiva, disputando mercado com os grandes fabricantes internacionais de aviões e procurando lançar jatos mais adequados aos desejos e necessidades dos clientes.
Além disso, os controladores decidiram que a melhor estratégia era vender primeiro uma participação da Embraer em vez de transferir todo o seu controle. Temia-se exatamente a reação desfavorável dos militares.


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