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Sócios traçaram estratégia já em 94
CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
da Reportagem Local
A Embraer está sendo preparada para ser vendida para outros
grupos desde que foi privatizada,
em 1994. A estratégia dos novos
donos foi fazer a empresa crescer
e se tornar lucrativa para ser vendida com grande lucro, segundo
avaliação de especialistas do mercado financeiro.
Os três sócios controladores
-grupo Bozano, Simonsen, Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil) e Sistel
(fundo de pensão da antiga Telebrás)- são investidores e não
empresários.
Ou seja, eles investiram na Embraer não para se tornarem donos
de uma empresa de aviação, mas
porque identificaram uma oportunidade de um bom negócio:
comprar uma companhia em situação financeira ruim, na qual o
Estado não tinha mais condições
de investir, mas que tinha potencial para crescer e dar lucros.
Participações
Esse perfil dos três sócios se revela no número de empresas nas
quais eles têm interesse: o grupo
Bozano Simonsen, por exemplo,
participa de mais de 40 empresas,
e a Previ tem ações de cerca de 90
companhias.
Recentemente, o presidente da
Embraer, Maurício Botelho, deixou claro essa política ao afirmar
ao jornal "Financial Times" que o
único interesse dos controladores
da empresa é o lucro: "Não temos
interesse especial pela aviação.
Nosso interesse é um ramo capaz
de dar retorno de 30%". No ano
passado a Embraer teve lucros de
R$ 382 milhões.
Depois de exatos cinco anos depois que foi privatizada (a venda
foi em 7 de dezembro de 1994), a
Embraer é muito atraente porque
se tornou o maior exportador do
país e tem uma carteira de encomendas que deve garantir que seu
faturamento dobre em dois anos.
A expectativa dos analistas do
mercado financeiro é que a companhia fature cerca de US$ 1,8 bilhão neste ano; para o próximo
ano, a projeção é de algo entre
US$ 2,5 bilhões a US$ 3 bilhões;
em 2001, o faturamento deverá
chegar próximo de US$ 4 bilhões.
Cortes de despesas
Para conseguir esses resultados,
a nova direção da empresa adotou uma série de cortes de despesas e uma política comercial considerada bastante agressiva, disputando mercado com os grandes fabricantes internacionais de
aviões e procurando lançar jatos
mais adequados aos desejos e necessidades dos clientes.
Além disso, os controladores
decidiram que a melhor estratégia
era vender primeiro uma participação da Embraer em vez de
transferir todo o seu controle. Temia-se exatamente a reação desfavorável dos militares.
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