São Paulo, Terça-feira, 21 de Dezembro de 1999


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GOVERNO
Para diretor da Dassault, uma das empresas do consórcio, tentam "intoxicar" venda das ações da Embraer
Crítica vem de "descontentes", diz francês

FÁTIMA GIGLIOTTI
de Paris

Gérard David, diretor de Relações Internacionais da Dassault, uma das quatro empresas integrantes do consórcio francês que adquiriu 20% das ações ordinárias da Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica) em outubro, negou ontem, em Paris, o conteúdo do relatório confidencial elaborado pelo ex-comandante da Aeronáutica Walter Bräuer.
"Deve haver pessoas descontentes no governo e que estão provocando uma intoxicação no processo de aquisição das ações", disse. Para David, esse é um "affair" (caso) ligado estritamente ao Brasil, que não tem nenhuma relação com as negociações empreendidas pelo consórcio francês.
O pacto acionário foi realizado no dia 21 de outubro, anunciado no dia 25 e pago nos 15 dias subsequentes, afirmou o diretor da Dassault. "As considerações feitas não têm o menor fundamento ou qualquer efeito para nós e não alteram em nada o nosso acordo com a Embraer", disse David.
Segundo ele, as declarações de que o consórcio -formado pela Aérospatiale Matra, Snecma e Thomson-CSF, além da Dassault-, poderia adquirir o controle acionário da Embraer "não fazem o menor sentido".
"Para a conclusão do pacto, estabelecemos uma participação absolutamente minoritária no conselho de administração da Embraer", disse o diretor da Dassault. Além disso, segundo David, foi acordado com o Bozano, Simonsen que não haveria alteração nessa situação até 2007.
A negociação da venda das ações ordinárias da Embraer para o consórcio francês foi realizada pelo Bozano, Simonsen. O grupo, ao lado da Previ (fundo de pensões do Banco do Brasil) e da Sistel (fundo de pensões da antiga Embratel), controla a Embraer.
A Aérospatiale Matra informou que não houve nenhum outro acordo ou negociação além do pacto de outubro. Segundo a empresa, há uma cláusula específica no acordo, de cessão das ações de controle, com pré-opção garantida para os acionistas brasileiros.
"Fizemos um pacto acionário, por meio do qual adquirimos 20% das ações ordinárias, regulamentado por cláusulas precisas e de uma certa complexidade, que pode ser conferido com a própria Embraer", relatou a Aérospatiale.
Tanto a Dassault como a Aérospatiale Matra negam ainda a participação do consórcio francês em "negociações secretas" -que estariam ocorrendo desde 1997 com a Bozano, Simonsen Privatisation Limited, com sede em Bermudas, e a Scorpio Acquisition Company Ltd., das Ilhas Cayman.
Procuradas pela Folha, até o fechamento desta edição a Snecma e a Thomson-CSF não tinham se manifestado sobre o caso.


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