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GOVERNO
Para diretor da Dassault, uma das empresas do consórcio, tentam "intoxicar" venda das ações da Embraer
Crítica vem de "descontentes", diz francês
FÁTIMA GIGLIOTTI
de Paris
Gérard David, diretor de Relações Internacionais da Dassault,
uma das quatro empresas integrantes do consórcio francês que
adquiriu 20% das ações ordinárias da Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica) em outubro,
negou ontem, em Paris, o conteúdo do relatório confidencial elaborado pelo ex-comandante da
Aeronáutica Walter Bräuer.
"Deve haver pessoas descontentes no governo e que estão provocando uma intoxicação no processo de aquisição das ações", disse. Para David, esse é um "affair"
(caso) ligado estritamente ao Brasil, que não tem nenhuma relação
com as negociações empreendidas pelo consórcio francês.
O pacto acionário foi realizado
no dia 21 de outubro, anunciado
no dia 25 e pago nos 15 dias subsequentes, afirmou o diretor da
Dassault. "As considerações feitas
não têm o menor fundamento ou
qualquer efeito para nós e não alteram em nada o nosso acordo
com a Embraer", disse David.
Segundo ele, as declarações de
que o consórcio -formado pela
Aérospatiale Matra, Snecma e
Thomson-CSF, além da Dassault-, poderia adquirir o controle acionário da Embraer "não
fazem o menor sentido".
"Para a conclusão do pacto, estabelecemos uma participação
absolutamente minoritária no
conselho de administração da
Embraer", disse o diretor da Dassault. Além disso, segundo David,
foi acordado com o Bozano, Simonsen que não haveria alteração nessa situação até 2007.
A negociação da venda das
ações ordinárias da Embraer para
o consórcio francês foi realizada
pelo Bozano, Simonsen. O grupo,
ao lado da Previ (fundo de pensões do Banco do Brasil) e da Sistel (fundo de pensões da antiga
Embratel), controla a Embraer.
A Aérospatiale Matra informou
que não houve nenhum outro
acordo ou negociação além do
pacto de outubro. Segundo a empresa, há uma cláusula específica
no acordo, de cessão das ações de
controle, com pré-opção garantida para os acionistas brasileiros.
"Fizemos um pacto acionário,
por meio do qual adquirimos
20% das ações ordinárias, regulamentado por cláusulas precisas e
de uma certa complexidade, que
pode ser conferido com a própria
Embraer", relatou a Aérospatiale.
Tanto a Dassault como a Aérospatiale Matra negam ainda a participação do consórcio francês em
"negociações secretas" -que estariam ocorrendo desde 1997 com
a Bozano, Simonsen Privatisation
Limited, com sede em Bermudas,
e a Scorpio Acquisition Company
Ltd., das Ilhas Cayman.
Procuradas pela Folha, até o fechamento desta edição a Snecma
e a Thomson-CSF não tinham se
manifestado sobre o caso.
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