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TRANSIÇÃO
Indicação de Dilma Rousseff nas Minas e Energia ocupa espaço de Cristovam (Educação), Costa (Saúde) e Wagner
(Trabalho)
Nova ministra ofusca nomes da área social
JULIA DUAILIBI
PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O anúncio dos ministros da
área social do governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da
Silva, foi ofuscado ontem pela nomeação da petista Dilma Rousseff, 55, para a pasta de Minas e
Energia. A indicação de Dilma,
definida apenas na noite de quinta, ocorreu depois da implosão do
acordo que levaria o PMDB a participar do governo Lula.
Durante cerimônia em hotel em
São Paulo, Lula confirmou os nomes do deputado federal Jaques
Wagner (PT-BA) para o Trabalho, do senador eleito Cristovam
Buarque (PT-DF) para a Educação, do ex-secretário municipal
da Saúde de Recife Humberto
Costa para a Saúde e do deputado
federal Nilmário Miranda (PT-MG) para a Secretaria Nacional
de Direitos Humanos, subordinada ao Ministério da Justiça.
Wagner, Costa e Nilmário foram candidatos derrotados a governador pelo PT na Bahia, em
Pernambuco e em Minas Gerais,
respectivamente. "Vamos radicalizar na política social", disse Lula
durante o anúncio.
Ao comunicar a nomeação de
Dilma, Lula ressaltou a importância de o Ministério de Minas e
Energia ser conduzido por uma
mulher, a segunda em alto escalão
já anunciada. "Havia quem pensasse que esse ministério era coisa
de homem. Vamos provar que
pode ser liderado por uma mulher", afirmou o presidente eleito,
que já confirmou a senadora Marina Silva no Meio Ambiente.
Os peemedebistas -incluindo
o senador eleito Hélio Costa, cotado para o ministério- foram informados da escolha de Dilma para as Minas e Energia assistindo
ao pronunciamento do presidente eleito pela televisão.
Lula afirmou que deverá lançar
o resto do ministério, que inclui
pastas importantes como Planejamento, Integração Nacional, Previdência e Defesa, na próxima segunda-feira, em Brasília.
Sem o acordo com o PMDB, o
economista Guido Mantega é o
mais cotado para o Planejamento,
Ciro Gomes (PPS) volta a ser o
nome para a Integração Nacional,
o deputado petista Ricardo Berzoini (SP) deve ir para a Previdência, e o embaixador José Viegas,
para a Defesa.
O presidente eleito definiu o que
procura seguir nas suas escolhas.
"Os ministérios têm de ser plurais. Não podem ser uma máquina de uma corrente ou de um partido político. É preciso que a gente
coloque no ministério a pluralidade da sociedade brasileira, tendo
como critério a competência política, a especialidade na área e o
compromisso ético", afirmou.
Lula fez piada sobre as dificuldades em montar sua equipe de
governo. "O ideal seria ter 500 ministérios para indicar. Aí não teríamos problemas na escolha."
O presidente eleito comparou a
sua situação ao futebol: "Agora vi
como sofre um técnico da seleção
que tem de escolher só 22 jogadores em meio a tantos outros que
são bons".
Ao lembrar a primeira vitória
do PT, em 1982, quando o partido
fez as suas duas primeiras prefeituras (Diadema, em São Paulo, e
Santa Quitéria, no Maranhão),
Lula afirmou que era "difícil"
montar uma equipe devido ao
"pequeno número de companheiros". Hoje, a dificuldade estaria no excesso de nomes.
Bem-humorado, o presidente
eleito disse que foi "difícil" convencer o senador eleito pelo Distrito Federal Cristovam Buarque a
assumir a Educação. "Há um ditado nos meios políticos que diz que
ir para o Senado é melhor do que
ir para o céu. Porque, para ir para
o céu, você tem de morrer antes."
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