São Paulo, sábado, 21 de dezembro de 2002

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TRANSIÇÃO

Indicação de Dilma Rousseff nas Minas e Energia ocupa espaço de Cristovam (Educação), Costa (Saúde) e Wagner (Trabalho)

Nova ministra ofusca nomes da área social

JULIA DUAILIBI
PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O anúncio dos ministros da área social do governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, foi ofuscado ontem pela nomeação da petista Dilma Rousseff, 55, para a pasta de Minas e Energia. A indicação de Dilma, definida apenas na noite de quinta, ocorreu depois da implosão do acordo que levaria o PMDB a participar do governo Lula.
Durante cerimônia em hotel em São Paulo, Lula confirmou os nomes do deputado federal Jaques Wagner (PT-BA) para o Trabalho, do senador eleito Cristovam Buarque (PT-DF) para a Educação, do ex-secretário municipal da Saúde de Recife Humberto Costa para a Saúde e do deputado federal Nilmário Miranda (PT-MG) para a Secretaria Nacional de Direitos Humanos, subordinada ao Ministério da Justiça.
Wagner, Costa e Nilmário foram candidatos derrotados a governador pelo PT na Bahia, em Pernambuco e em Minas Gerais, respectivamente. "Vamos radicalizar na política social", disse Lula durante o anúncio.
Ao comunicar a nomeação de Dilma, Lula ressaltou a importância de o Ministério de Minas e Energia ser conduzido por uma mulher, a segunda em alto escalão já anunciada. "Havia quem pensasse que esse ministério era coisa de homem. Vamos provar que pode ser liderado por uma mulher", afirmou o presidente eleito, que já confirmou a senadora Marina Silva no Meio Ambiente.
Os peemedebistas -incluindo o senador eleito Hélio Costa, cotado para o ministério- foram informados da escolha de Dilma para as Minas e Energia assistindo ao pronunciamento do presidente eleito pela televisão.
Lula afirmou que deverá lançar o resto do ministério, que inclui pastas importantes como Planejamento, Integração Nacional, Previdência e Defesa, na próxima segunda-feira, em Brasília.
Sem o acordo com o PMDB, o economista Guido Mantega é o mais cotado para o Planejamento, Ciro Gomes (PPS) volta a ser o nome para a Integração Nacional, o deputado petista Ricardo Berzoini (SP) deve ir para a Previdência, e o embaixador José Viegas, para a Defesa.
O presidente eleito definiu o que procura seguir nas suas escolhas. "Os ministérios têm de ser plurais. Não podem ser uma máquina de uma corrente ou de um partido político. É preciso que a gente coloque no ministério a pluralidade da sociedade brasileira, tendo como critério a competência política, a especialidade na área e o compromisso ético", afirmou.
Lula fez piada sobre as dificuldades em montar sua equipe de governo. "O ideal seria ter 500 ministérios para indicar. Aí não teríamos problemas na escolha."
O presidente eleito comparou a sua situação ao futebol: "Agora vi como sofre um técnico da seleção que tem de escolher só 22 jogadores em meio a tantos outros que são bons".
Ao lembrar a primeira vitória do PT, em 1982, quando o partido fez as suas duas primeiras prefeituras (Diadema, em São Paulo, e Santa Quitéria, no Maranhão), Lula afirmou que era "difícil" montar uma equipe devido ao "pequeno número de companheiros". Hoje, a dificuldade estaria no excesso de nomes.
Bem-humorado, o presidente eleito disse que foi "difícil" convencer o senador eleito pelo Distrito Federal Cristovam Buarque a assumir a Educação. "Há um ditado nos meios políticos que diz que ir para o Senado é melhor do que ir para o céu. Porque, para ir para o céu, você tem de morrer antes."


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