São Paulo, quarta-feira, 21 de dezembro de 2005

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PAINEL

Sinal amarelo
O relatório do Coaf à Procuradoria-Geral da República sobre o depósito de R$ 1 milhão do PT na conta corrente da Coteminas cita depósitos anteriores registrados no órgão no total de R$ 2,2 milhões entre dezembro de 2003 e julho de 2005. Não há menção aos depositantes.

Ônus da prova
O Coaf registra que Abílio Pires de Brito Neto, funcionário da Coteminas, foi o "portador dos recursos", ou seja, fez o depósito de R$ 1 milhão, e informou que a importância "seria supostamente originária do PT". Coube à empresa de José Alencar afastar eventual suspeita de lavagem.

Às claras
"A empresa cumpriu a lei, faturou as camisetas por meio de 50 notas fiscais, depositou em conta corrente e identificou o depósito", diz Josué Gomes, presidente da Coteminas. O filho do vice-presidente atribui a menção a outros depósitos a um equívoco do Coaf.

As fontes do mensalão
O relatório da CPI dos Correios que será divulgado hoje desmonta a versão de Marcos Valério e Delúbio Soares de que os empréstimos junto aos bancos Rural e BMG financiaram os saques no valerioduto. E cita como principais fontes de recursos a Visanet e a Brasil Telecom.

Dicionário
Depois de a CPI do Mensalão terminar sem relatório, caberá à dos Correios definir o termo. Osmar Serraglio (PMDB-PR) apontará vários "padrões" de mensalão: financiamento a parlamentares e a partidos, vinculado ou não a votações, com periodicidade variável.

Big Brother
A absolvição de Romeu Queiroz (PTB-MG) fez com que fosse redobrada a pressão dos membros do Conselho de Ética sobre os relatores dos próximos projetos. Pedro Canedo (PP-GO), cujo relatório deve ser pela absolvição de Professor Luizinho (PT-SP), é o principal alvo da vigília.

Faça o que eu digo
A deputada Luciana Genro (RS) chamou o pagamento da convocação de "mensalão oficial". Mas, em vez de desistir do recebimento, anunciou que doará a quantia ao partido. Só 2 dos 6 parlamentares do PSOL abriram mão do dinheiro.

Mantra presidencial
Na única menção que fez à crise política durante a reunião ministerial de anteontem, o presidente Lula repetiu que "os erros do PT são do PT" e, por eles, quem deve pagar é o partido.

Sucesso secreto
Diante de tantos números positivos na reunião, o líder do governo no Congresso, Fernando Bezerra (PTB-RN), criticou a comunicação do governo. Luiz Dulci (Secretaria Geral) disse que a área será reformulada.

Clima natalino
Na mesa do primeiro casal no jantar de confraternização, Antonio Palocci (Fazenda) foi cercado pelos dois principais críticos da política econômica: Dilma Roussef (Casa Civil) e o vice-presidente José Alencar.

Só para o ano
Não sairá no Natal, como prevista, a integração do metrô ao bilhete único, promessa eleitoral de José Serra. Técnicos da prefeitura atribuem o atraso ao secretário estadual da Fazenda, Eduardo Guardia, que teria escondido a chave do cofre.

Nada de recesso
O governador Geraldo Alckmin esteve sábado à tarde com o presidente do PMDB, Michel Temer. Disse que respeita o desejo de candidatura própria do partido, mas que quer construir um bom diálogo caso seja ele o candidato tucano à Presidência.

Na prorrogação
Lula não vai inaugurar o memorial do Corinthians, na sexta-feira, como anunciou no "Café com o Presidente" anteontem. O evento foi adiado para janeiro, pois a obra não está pronta.

TIROTEIO

Do tesoureiro do PT, Paulo Ferreira, sobre Geraldo Alckmin ter dito, em entrevista à Folha, que Lula sabia do mensalão:
-E o governador sabia que sua filha trabalhava em uma loja suspeita de evasão de divisas?

CONTRAPONTO

Como fazer amigos

No início do mês, o senador Sérgio Cabral (RJ) promoveu um jantar para reunir a bancada do PMDB e Anthony Garotinho, pré-candidato à Presidência.
Garotinho disse que seu avô costumava contar uma parábola de dois irmãos libaneses que, ao nascer, tinham recebido como marca que um teria como símbolo a pedra e o outro, a água.
-O que era pedra só criava atrito, era duro, inflexível. O que era água passava nos menores burracos, deixava a vida correr -disse Garotinho.
Os senadores, atentos, prestavam atenção à parábola para ver onde o candidato queria chegar.
-Pois bem, meus senadores. Estou aqui para lhes dizer que eu, a exemplo do irmão da parábola, sou água. Não quero me chocar com ninguém. Quero apenas ajudar os senhores a construir um grande partido.
Até os mais avessos à candidatura elogiaram a performance.


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