São Paulo, quarta-feira, 21 de dezembro de 2005

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ELEIÇÕES 2006/O PRESIDENTE

Presidente afirma que oposição não sabe esperar como ele fez quando perdeu eleições

Lula diz que quatro anos é pouco para quem governa

Alan Marques/Folha Imagem
Presidente brinca com bola de futebol em estádio de Macapá, cidade onde inaugurou obras ontem


EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL A MACAPÁ

No momento em que aparece atrás do prefeito José Serra (PSDB-SP) nas pesquisas de intenção de voto para as eleições do ano que vem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que diz ainda não ter decidido se vai disputar a reeleição, declarou ontem, em Macapá (AP), que um mandato de quatro anos é "muito pouco" para quem está no governo.
Durante evento de lançamento das obras do novo aeroporto da capital do Estado, Lula, como tem feito em recentes discursos, sinalizou de novo que sua passagem pelo Palácio do Planalto terminará em 31 de dezembro de 2006.
O presidente cobrou ainda "juízo" da oposição para não transformar a corrida eleitoral numa "guerra". "Porque será o pior dos mundos (...) se as pessoas não tiverem juízo para fazer uma disputa eleitoral -e não uma guerra contra o desenvolvimento de Estado, da nação ou de uma cidade", afirmou o petista.
Mais tarde, ao explicar a declaração, o presidente disse que a oposição "não sabe esperar". "Todas as vezes em que eu perdi eleição, eu me acomodei como derrotado, esperando pelas próximas eleições. Agora, tem gente que não sabe esperar", disse.
Durante o discurso, ele admitiu que não quer ver um eventual sucessor inaugurar suas obras.
"Tenham a certeza que aqui voltarei outras vezes, sobretudo para inaugurar esse aeroporto. E não pode ser em janeiro de 2007. Ele tem que ser inaugurado ainda em 2006, porque nós precisamos colher aquilo que nós plantamos. Não vamos deixar para ninguém colher a semente que nós botamos na terra", afirmou o presidente, para cerca de 500 pessoas que foram ao aeroporto.

Dificuldades
Lula listou as dificuldades que teve em sua gestão. Falou de cumprir um primeiro ano de governo com um Orçamento aprovado pelo governo anterior e das eleições municipais. Foi com esse gancho que lamentou o intervalo de quatro anos para governar.
"Eleição na capital é quase como uma eleição no Estado, porque envolve muitos interesses e muita disputa política. Ou seja, é praticamente meio ano dedicado às eleições. Depois ele tem 2005 para governar. Acontece que quatro anos para quem está governando é muito pouco. Mas, para quem está na oposição, quatro anos é uma eternidade."
Os discursos raivosos usados por ele em momentos de tensão política foram deixados de lado. Ontem, preferiu dar conselhos: "Que a eleição se dê da forma mais tranqüila, que a disputa se dê da forma mais democrática, que se lancem quantos candidatos quiserem, mas que a gente tome conta. Uma eleição, se não ajudar, ela não pode atrapalhar as obras que estão em andamento nos Estados". E, no tom ameno, prosseguiu seu pensamento, pregando o "juízo" em vez da "guerra".

Aplausos
A platéia do evento seguidamente aplaudiu o presidente e gritava: "Presidente, guerreiro, do povo brasileiro".
Como de costume nessas circunstâncias, Lula dispensou o discurso preparado por sua assessoria e, de improviso, falou por meia hora. Estava acompanhado de quatro ministros, do governador Waldez Góes (PDT) e do senador José Sarney (PMDB-AP).
Os primeiros 20 minutos da fala foram reservados a assuntos locais, com promessas de obras, repasses de verbas e elogios ao Estado. Depois, disse que o governo não fez "barulho" e "bravata" para quitar a dívida do país com o FMI (Fundo Monetário Internacional). E, ao final, o petista passou a tratar da eleição de 2006, pedindo aos presentes que "não permitam que o processo eleitoral do ano que vem atrapalhe" o desenvolvimento local.


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