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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CASO CELSO DANIEL
Carlos Printes, responsável pela necropsia do prefeito de Santo André, foi encontrado morto há dois meses, em seu escritório
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Setenta dias após a morte do
médico-legista Carlos Delmonte
Printes, que foi o responsável pela
necropsia do prefeito assassinado
Celso Daniel (PT), os peritos do
IML (Instituto Médico Legal) não
chegaram a nenhuma conclusão
sobre a causa mortis.
Em seu relatório final, o IML informou que não foi possível definir se a morte de Printes foi natural ou provocada por um fator externo, como a ingestão de veneno,
uma das hipóteses cogitadas pela
Polícia Civil e pelo Ministério Público. Segundo a diretoria do IML,
o laudo deveria chegar ao delegado José Antonio Nascimento, do
DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), no
final da tarde de ontem.
Printes foi encontrado morto
no escritório dele, em São Paulo,
no dia 12 de outubro. Dias antes,
havia deixado uma carta esclarecendo aos familiares o tipo de funeral que desejava ter.
À época, o perito estava encarregado de preparar um relatório
detalhando a necropsia do prefeito assassinado de Santo André,
Celso Daniel, que foi encontrado
morto em janeiro de 2002.
Printes provocou polêmica ao
contradizer relatório da Polícia
Civil e afirmar que o petista havia
sido brutalmente torturado antes
de ser morto.
O perito era considerado ainda
uma das principais testemunhas
da Promotoria Criminal de Santo
André, que investiga o assassinato
de Daniel. Printes morreu antes
de ser ouvido na Justiça.
Laudo
No laudo sobre a morte de Printes, o IML informou que o legista
apresentava traqueíte aguda (inflamação na traquéia), o que é
compatível com o quadro de
pneumonia diagnosticado em
Printes dias antes de sua morte.
Isso, porém, foi considerado insuficiente para provocar sua morte.
Os peritos constataram ainda a
presença de um anestésico considerado suave no sangue de Printes, a lidocaína, geralmente encontrada em pastilhas para dor de
garganta. A equipe de médicos-legistas afastou essa possibilidade
de causa mortis por conta da baixa quantidade da substância no
organismo.
A dificuldade em definir o motivo determinante da morte do legista provocou discussões entre
membros da equipe do IML e aumentou a apreensão de autoridades envolvidas na investigação.
O promotor de Justiça Maurício
Antônio Ribeiro Lopes, que
acompanha o caso, afirmou que a
demora para a apresentação do
relatório final foi injustificada.
"Estudo a possibilidade de requisitar um novo laudo em uma outra instituição ou universidade do
país", disse.
Entre os peritos, alguns defenderam a tese de morte natural.
Durante a necropsia, no entanto,
não foi encontrada nenhuma lesão significativa nos órgãos que
pudesse justificar a morte. Outros
defenderam a tese de laudo inconclusivo.
O relatório do Instituto Médico
Legal será anexado ao inquérito
criminal presidido pelo delegado
Nascimento, que já ouviu parentes e amigos de Printes.
A família do perito informou,
por meio de seus advogados, que
irá aguardar a apresentação do
laudo do IML para se manifestar
sobre o caso.
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