São Paulo, quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Duas canoas

Foi previamente submetida a Lula a carta em que o presidente do PT, Marco Aurélio Garcia, propõe ao do PMDB, Michel Temer, que o partido se engaje na candidatura de Arlindo Chinaglia ao comando da Câmara em troca do apoio a um peemedebista daqui a dois anos. Conversa prévia entre Lula e Temer deu aos petistas a segurança de que o PMDB diria sim. A aliança deve ser formalizada em reunião da bancada com o presidente, no Planalto, em 27 de dezembro.
Fica claro, portanto, que o PT não agiu sozinho no episódio da carta, e que o atual ocupante do posto, Aldo Rebelo (PC do B-SP), está longe de ser "o favorito de Lula", ao contrário do que reza a lenda. Na melhor das hipóteses para Aldo, o presidente decidiu ter dois candidatos. Na pior, já rifou o "comunista".

Só love. Na frente de dezenas de jornalistas, Aldo e Chinaglia trocaram elogios, sorrisos e abraços demorados em jantar anteontem. "Ele é uma estrela ascendente da política", disse o presidente da Câmara sobre o petista que quer tomar-lhe a cadeira.

Uni-duni-tê. O recém-criado conselho político de Lula vai se reunir em janeiro para tratar da sucessão na Câmara. Cada legenda levará um levantamento da preferência na bancada para tentar decidir entre Aldo e Chinaglia. Em nome da suposta não-interferência do presidente, a reunião será longe do Planalto.

Carência. Loucos por motivos para espinafrar o STF, os parlamentares se queixam da "falta de cortesia" do tribunal. "Nem para dar um telefonema avisando que iam votar a matéria...", diz Rodrigo Maia (PFL-RJ). Muitos foram surpreendidos ao ligar a TV e ver os 91% indo por água abaixo.

Também quero. Causa ciúme o status de Fernando Gabeira (PV-RJ) como porta-voz da opinião pública. Ontem, num canto do plenário, ele levou bronca de Luciana Genro por não ter avisado o PSOL que iria entrar com mandado de segurança no STF contra o superaumento.

Simples assim. Do presidente do PP, Nélio Dias (RN), aos seus colegas antes do encontro com Lula: "Temos o Ministério das Cidades. Se amanhã não tivermos mais, acabou-se a coalizão".

Tá vendo? Em reunião no Planalto ontem, Lula fez referência à crise na Tailândia e concluiu: "É por isso que eu acho que, em economia, cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém".

Davos 1. A programação oficial do Fórum Mundial de Davos dá como confirmada a presença de Lula no painel "A América Latina Amplia seus Horizontes", no dia 26 de janeiro. No mesmo evento é esperado o novo presidente do México, Felipe Calderón.

Davos 2. Outro nome anunciado como certo é o do ministro Luiz Furlan (Desenvolvimento), não obstante as previsões de sua saída no segundo mandato. Está escalado para um debate sobre formas de "crescer melhor".

Safári. Dos cinco deputados estaduais paulistas que vão ao Fórum Social Mundial, no fim de janeiro, quatro não se reelegeram. A viagem ao Quênia será a última missão paga pelo Estado para Romeu Tuma Jr. (PMDB), Caldini Crespo (PFL), Nivaldo Santana (PC do B) e Renato Simões (PT).

Reação. A Comissão Pastoral da Terra já prepara manifestações contra a transposição do São Francisco, cujas obras devem sair do papel agora que o STF derrubou uma série de contestações judiciais. Hoje, representantes da CPT terão reunião com OAB e Ministério Público para traçar contra-ofensiva.

Três em uma. CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores), SDS (Social Democracia Sindical) e CAT (Central Autônoma dos Trabalhadores) iniciaram processo que resultará, em abril, na fusão das três centrais.

Tiroteio

"O mestre levou seus aprendizes para uma grande confraria no Palácio do Planalto". Do deputado JULIO SEMEGHINI (PSDB-SP) sobre o encontro de Paulo Maluf (SP) e seus colegas da bancada do PP com Lula.

Contraponto

Só pensa naquilo

O velório do deputado estadual Nabi Abi Chedid (PTB), que presidiu a Federação Paulista de Futebol, reuniu na Assembléia Legislativa, no final de novembro, políticos de diferentes partidos. Entre eles se destacava Geraldo Alckmin. À saída, o tucano foi abordado por um policial que manifestou pesar pelo resultado das eleições de 2006:
-Que pena que o senhor perdeu...
Alckmin sorriu e respondeu baixinho para o admirador:
-Tudo bem: 2008 vem aí.
Em entrevistas, o ex-governador ainda diz que pensa em se dedicar à acupuntura.


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