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PP ouve de Lula que será tratado como o PT
"Precisava ver a alegria deles", disse Maluf ao sair do encontro; segundo ele, governo quer acertar e não fará discriminações
Ex-prefeito diz que a sua prisão em 2005, assim como a de Lula, em 1980, "foi uma violência'; petista tratará de ministérios depois da posse
PEDRO DIAS LEITE
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em uma descontraída reunião ontem no Palácio do Planalto com o ex-prefeito de São
Paulo Paulo Maluf e outros 40
integrantes do PP, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva disse
que não vai discriminar nenhum partido e nenhum deputado na montagem do governo
de seu segundo mandato.
"O PP será tratado como o
PT", disse o presidente segundo relato à Folha de alguns dos
participantes da reunião.
De bengala por ter batido o
pé numa quina, "enquanto corria em Campos do Jordão",
Maluf, 75, contou que brincou
com Lula: "Presidente, o senhor quebrou o pé direito. E eu
quebrei o esquerdo. Como nós
dois temos mais de 60 [Lula
tem 61], estamos nos aproximando", numa referência à recente frase do presidente de
que, diante da "evolução da espécie humana, quem é mais de
direita vai ficando mais de esquerda, quem é de esquerda vai
ficando social-democrata".
O ex-prefeito, que ficou preso em 2005 e foi denunciado na
segunda-feira por formação de
quadrilha e lavagem de dinheiro, disse que não houve nenhum constrangimento na
reunião. "Não, precisava ver a
alegria de Luiz Dulci, Gilberto
Carvalho, Tarso Genro e do
presidente. Indica que eles
querem acertar, não têm problema pessoal com ninguém",
disse, na saída da reunião.
Prisões
Maluf disse que sua prisão foi
tão injusta quanto a de Lula na
ditadura, o que mostra que está
"em boa companhia".
"A prisão foi ilegal, não tinha
base jurídica. (...) O que fizeram
comigo foi uma violência, como
fizeram com o Lula, que também foi preso, por decisão da
Justiça do Trabalho. Como fizeram com Juscelino [Kubitschek], que foi preso, como Getúlio [Vargas], que se suicidou.
Washington Luís, que foi expatriado, o Jânio [Quadros], que
foi preso, o Adhemar [de Barros], que foi preso. Quer dizer,
estou em boa companhia.
Quem sabe isso até me credencie a futuramente ser presidente da República", disse ele.
Maluf chamou de "pirotecnia" a denúncia de segunda-feira e aproveitou para criticar a
ex-prefeita Marta Suplicy, aliada de Lula em São Paulo no segundo turno. "Meus túneis não
inundaram", disse, sem citá-la.
No encontro com o PP, Lula
disse que vai começar a conversar com os partidos sobre cargos no primeiro escalão somente após a folga de cinco dias
que pretende tirar depois da
posse. Ele elogiou o trabalho do
ministro Márcio Fortes (Cidades) e citou a conquista do
Mundial de Clubes pelo Internacional para demonstrar sua
tranqüilidade em relação à formação do novo ministério.
Segundo os participantes,
Lula questionou se eles iriam
pedir ao técnico do Inter, Abel
Braga, para mexer no time após
o título, já que, em time que está ganhando, "não se mexe". E
citou a seguir seu alto índice de
aprovação em pesquisas.
Maluf afirmou que não precisa de emprego "para parente,
para amigo, para ninguém" e
que seria um bom assessor para
"qualquer governo do Brasil".
"Só espero que daqui a quatro anos Lula seja reconhecido
como o melhor presidente da
história do Brasil", disse ele.
Os presidentes de PT e PP integram o conselho político do
governo, ao lado de PMDB,
PSB, PC do B, PRB, PR (ex-PL),
PDT, PTB e PV.
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