São Paulo, quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

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PP ouve de Lula que será tratado como o PT

"Precisava ver a alegria deles", disse Maluf ao sair do encontro; segundo ele, governo quer acertar e não fará discriminações

Ex-prefeito diz que a sua prisão em 2005, assim como a de Lula, em 1980, "foi uma violência'; petista tratará de ministérios depois da posse


PEDRO DIAS LEITE
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em uma descontraída reunião ontem no Palácio do Planalto com o ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf e outros 40 integrantes do PP, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não vai discriminar nenhum partido e nenhum deputado na montagem do governo de seu segundo mandato.
"O PP será tratado como o PT", disse o presidente segundo relato à Folha de alguns dos participantes da reunião.
De bengala por ter batido o pé numa quina, "enquanto corria em Campos do Jordão", Maluf, 75, contou que brincou com Lula: "Presidente, o senhor quebrou o pé direito. E eu quebrei o esquerdo. Como nós dois temos mais de 60 [Lula tem 61], estamos nos aproximando", numa referência à recente frase do presidente de que, diante da "evolução da espécie humana, quem é mais de direita vai ficando mais de esquerda, quem é de esquerda vai ficando social-democrata".
O ex-prefeito, que ficou preso em 2005 e foi denunciado na segunda-feira por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, disse que não houve nenhum constrangimento na reunião. "Não, precisava ver a alegria de Luiz Dulci, Gilberto Carvalho, Tarso Genro e do presidente. Indica que eles querem acertar, não têm problema pessoal com ninguém", disse, na saída da reunião.

Prisões
Maluf disse que sua prisão foi tão injusta quanto a de Lula na ditadura, o que mostra que está "em boa companhia".
"A prisão foi ilegal, não tinha base jurídica. (...) O que fizeram comigo foi uma violência, como fizeram com o Lula, que também foi preso, por decisão da Justiça do Trabalho. Como fizeram com Juscelino [Kubitschek], que foi preso, como Getúlio [Vargas], que se suicidou. Washington Luís, que foi expatriado, o Jânio [Quadros], que foi preso, o Adhemar [de Barros], que foi preso. Quer dizer, estou em boa companhia. Quem sabe isso até me credencie a futuramente ser presidente da República", disse ele.
Maluf chamou de "pirotecnia" a denúncia de segunda-feira e aproveitou para criticar a ex-prefeita Marta Suplicy, aliada de Lula em São Paulo no segundo turno. "Meus túneis não inundaram", disse, sem citá-la.
No encontro com o PP, Lula disse que vai começar a conversar com os partidos sobre cargos no primeiro escalão somente após a folga de cinco dias que pretende tirar depois da posse. Ele elogiou o trabalho do ministro Márcio Fortes (Cidades) e citou a conquista do Mundial de Clubes pelo Internacional para demonstrar sua tranqüilidade em relação à formação do novo ministério.
Segundo os participantes, Lula questionou se eles iriam pedir ao técnico do Inter, Abel Braga, para mexer no time após o título, já que, em time que está ganhando, "não se mexe". E citou a seguir seu alto índice de aprovação em pesquisas.
Maluf afirmou que não precisa de emprego "para parente, para amigo, para ninguém" e que seria um bom assessor para "qualquer governo do Brasil".
"Só espero que daqui a quatro anos Lula seja reconhecido como o melhor presidente da história do Brasil", disse ele.
Os presidentes de PT e PP integram o conselho político do governo, ao lado de PMDB, PSB, PC do B, PRB, PR (ex-PL), PDT, PTB e PV.


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