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Valerioduto tucano pode envolver mais 20 pessoas
Procuradoria quer investigar suspeitos listados pela PF
PAULO PEIXOTO
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
A investigação sobre o valerioduto tucano, que motivou a
denúncia de 15 pessoas à Justiça, terá ainda como alvo ao menos 20 pessoas consideradas
suspeitas pela Polícia Federal,
mas não incluídas na acusação
do Ministério Público Federal.
Segundo a Procuradoria, o
esquema montado pelo empresário Marcos Valério financiou,
com recursos públicos, a campanha à reeleição em 1998 do
então governador e atual senador Eduardo Azeredo (PSDB).
O inquérito da PF apontou
indícios de participação de 36
pessoas, mas a denúncia da
Procuradoria só acusou 15
-dos quais quatro têm mais de
70 anos (o crime de peculato
prescreveu para eles). Na denúncia encaminhada no mês
passado à Justiça, a Procuradoria pediu novas apurações e disse que "a não-inclusão de qualquer fato e/ou pessoa não significa arquivamento".
A PF não faz menção direta a
possíveis crimes cometidos pelos responsáveis pela montagem do suposto esquema, o que
ficou a cargo da PGR. A Procuradoria enumerou como responsáveis Azeredo, o ex-ministro Walfrido dos Mares Guia,
Cláudio Mourão, tesoureiro da
campanha, e o empresário Clésio Andrade (PR), candidato a
vice de Azeredo naquele ano.
As novas apurações devem
envolver, por exemplo, cinco
pessoas ligadas à Cemig (estatal de energia), quatro à Comig
(estatal de infra-estrutura,
atual Codemig), uma à Copasa
(estatal de saneamento) e dois
à gráfica Graffar, que teria desviado recursos da Cemig à campanha do PSDB em 1998.
A PF cita ainda Kátia Rabelo
(presidente do Banco Rural),
Renilda Souza (mulher de Valério), Rogério Tolentino (advogado e sócio de Valério),
Marco Aurélio Prata (contador
de Valério) e Francisco Castilho e Margareth Freitas (ex-sócios de Valério na DNA).
A PGR também deixou de fora as 64 pessoas -sobretudo
políticos e assessores- que a
PF identificou como beneficiários do caixa dois de Azeredo.
Há também pedido de investigação sobre empresas privadas,
principalmente empreiteiras,
que, segundo a PF, fizeram doações clandestinas à campanha.
De acordo com a polícia, seis
empreiteiras doaram R$ 8,2
milhões para a campanha sem
declarar à Justiça Eleitoral. A
Folha revelou que essas seis
empresas receberam R$ 296
milhões em pagamentos por
obras na gestão de Azeredo.
Outro lado
O advogado Marcelo Leonardo disse que nova investigação
contra sua cliente Renilda Souza não prosperará porque o Supremo Tribunal Federal já entendeu que a mulher de Marcos
Valério não participava da gestão das empresas, embora seu
nome estivesse nos contratos.
O advogado Leonardo Yarochewsky, que defende Francisco Castilho e Margareth Freitas, disse que os ex-sócios de
Valério não tinham envolvimento com a parte fiscal da
DNA, que terceirizou esse setor
para o contador Marco Aurélio
Prata, que não foi localizado.
O Banco Rural reafirmou que
"não foi notificado a respeito da
apuração de supostas práticas
de crime financeiro" e que
"suas operações cumpriram
exigências do Banco Central e
demais órgãos reguladores".
O advogado Rogério Tolentino informou que foi advogado
da SMPB de 1989 a 2005 e que
os pagamentos por ele recebidos "se referem a honorários
atrasados" por quatro anos".
As estatais Cemig, Comig e
Copasa não se manifestaram
sobre o fato de servidores ou
ex-servidores estarem na mira
de novas investigações.
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