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TCE acusa desvio de R$ 5 mi em fundo de pensão no Rio
Relator aponta quatro ex-dirigentes da Cedae como responsáveis pelo fraude
Tribunal iria apreciar o relatório na quarta-feira, mas pedido de vista adiou
a votação, que deverá acontecer em fevereiro
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Relator da inspeção especial
do TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro) no fundo de pensão da Cedae (Companhia Estadual de
Águas e Esgotos), o Prece, o
conselheiro José Graciosa concluiu que houve desvio de dinheiro de 2002 a 2006 e acusa
quatro ex-dirigentes de lesarem a instituição em R$ 5,35
milhões. No período, o Prece
era controlado pela diretoria da
Cedae. A partir de 2003, a companhia foi presidida por Aloísio
Meyer, indicado para o cargo
pelo deputado federal Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), aliado da
então governadora Rosinha
Matheus (PMDB) e de seu marido, o ex-governador Anthony
Garotinho.
Em 2002, a presidência da
Cedae era indicação do PT, partido do qual era filiada a então
governadora Benedita da Silva,
que assumiu o cargo quando
Garotinho, à frente do governo
fluminense, se desincompatibilizou do cargo para disputar a
eleição para a Presidência da
República.
O voto do relator Graciosa
iria anteontem à apreciação no
plenário do TCE. Como o conselheiro Jonas Lopes de Carvalho Júnior pediu vistas do processo, a sessão foi adiada. Agora, a votação deve ocorrer somente depois de fevereiro. Carvalho Júnior foi nomeado para
o TCE por Garotinho, em cujo
governo trabalhou como chefe
do Gabinete Civil.
Indicação
Desde o início do segundo
governo do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT), em
janeiro passado, Eduardo Cunha vem sendo apontado como
responsável pela indicação do
ex-vice-governador (de Rosinha) e peemedebista Luiz Paulo Conde para a presidência da
empresa estatal Furnas Centrais Elétricas.
No relatório, Graciosa cita
documento do BC (Banco Central) sobre o Prece. Diz o texto
haver "indícios de irregularidades em operações realizadas no
mercado secundário de títulos
públicos federais". Seriam "negociações montadas, em tese,
para desviar recursos de fundos
de previdência social dos servidores públicos".
Na inspeção especial realizada pelos técnicos do TCE concluiu-se que "o montante supracitado pode representar
apenas uma pequena parte das
perdas suportadas pelo Prece
em negociações com títulos públicos", supostamente "realizadas com preços dissonantes
dos praticados no mercado".
Isso porque o corpo técnico
só conseguiu analisar 22 ações
praticadas pela instituição, que
recorreu à Justiça na tentativa
de impedir a inspeção do TCE.
Graciosa citou nas explicações sobre o seu voto o relatório da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Correios no Congresso Nacional,
que apontou "operações irregulares, causadoras de perdas
(...) de R$ 91.635.878" ao fundo
de pensão da Cedae.
No voto, o relator rejeita as
defesas dos três ex-presidentes
do Prece no período. Graciosa
pede que Renato Guerra Marques (presidente de agosto de
2002 a janeiro de 2003) seja
obrigado a devolver
R$ 724.970,59 ao fundo. Pedro
Evandro Ferreira (presidente
de janeiro a março de 2003),
R$ 637.175,24. Ubiratan de
Gusmão Campelo Lima (de
março de 2003 a setembro de
2005) e sua diretora-financeira, Magda das Chagas Pereira,
R$ 5.350.520,90.
A Folha tentou ouvir ontem
o conselheiro Graciosa sobre o
relatório. Ele não daria entrevista a respeito do assunto, de
acordo com sua assessoria.
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