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Marqueteiros políticos
abandonam as eleições
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Três das maiores estrelas do
marketing político estão fora da
campanha presidencial deste ano.
Duda Mendonça, Nizan Guanaes
e Nelson Biondi tomaram uma
decisão idêntica, mas cada um
tem suas razões. Só a de Duda tem
relação com as investigações das
CPIs sobre o caixa dois do PT .
A saída de cena mais estridente
é a de Duda, que fez a campanha
de Lula em 2002. Desde que revelou à CPI dos Correios que recebeu pagamentos no exterior por
essa campanha, Duda passou a viver numa espiral de surpresas.
O governo americano bloqueou
o que seria sua segunda conta no
exterior, e a CPI descobriu que ele
transferiu R$ 4 milhões a familiares dias antes de depor na CPI.
Parlamentares crêem que a transferência foi uma medida preventiva contra eventuais bloqueios de
sua conta. O advogado de Duda,
Tales Castelo Branco, nega a conta no exterior e diz que as transferências foram empréstimos. Duda também está sob investigação
da Polícia Federal sob suspeita de
uso de caixa dois e lavagem de dinheiro -práticas que ele nega.
Sua decisão de não participar da
disputa presidencial seria uma retirada estratégica, segundo a Folha apurou. Se entrasse na disputa, ele acredita que sofreria uma
"devassa" maior do que a atual.
Castelo Branco diz, no entanto,
que a decisão de seu cliente não
decorre do temor de ser investigado. "Ele está desencantado e decepcionado. É como um passarinho na muda: não canta. Mas ele
vai voltar. O Duda é guerreiro".
Adversário de Duda na eleição
presidencial de 2002, Nizan Guanaes informa que aquela foi sua
última campanha e que não há a
menor chance de mudar de idéia.
Nizan, que dirigiu as duas campanhas presidenciais de Fernando Henrique Cardoso, ficou tão
desencantado com o marketing
político que não dá entrevistas sobre isso. Abriu uma exceção à revista "Raça" na edição deste mês.
Questionado sobre o que aprendeu nas campanhas políticas, Nizan respondeu: "A maior lição é
que tenho que investir na iniciativa privada, por um motivo muito
simples: a política é polarizante.
Não é possível estar num negócio
em que a cada momento você tem
que brigar com um partido. Eu
não quero brigar nem com o PT
nem com o PSDB. Sou um empresário. Tenho muitos anunciantes,
contas e um monte de empregados. Não quero me posicionar.
Quem tem que se posicionar são
os políticos. O marketing político
é uma atividade que não é viável
se você tem várias agências."
Nelson Biondi também acha
que o negócio com políticos é inviável mesmo quando se tem uma
única agência, como ele. Segundo
ele, a política faz mal aos negócios: "Os clientes para os quais eu
trabalho me pediram para não me
meter mais em campanha", diz.
Biondi, que estreou no marketing político em 1992 e atuou na
campanha de José Serra em 2002,
diz que a clientela reclama do fato
de ele ficar afastado da agência na
época das campanhas eleitorais:
"Não tenho mais vontade de fazer
marketing político. Cansei".
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