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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CONTAS EM XEQUE
CPI dos Correios reclama de informações incompletas sobre movimentações financeiras enviadas por BankBoston, Real e Safra
Falhas obstruem apuração sobre 44 suspeitos
LEONARDO SOUZA
RUBENS VALENTE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Falhas na documentação enviada por três bancos à CPI dos Correios levaram à paralisação das investigações sobre a movimentação financeira de 44 pessoas e empresas sob suspeita.
A lista inclui personagens-chave
do escândalo do "mensalão", como os publicitários Duda Mendonça e Marcos Valério, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu
(PT-SP) e o empresário Ioannis
Amerssonis (dono da prestadora
de serviços de aviação Beta).
"Vamos auditar as contas do
Duda", disse o deputado Gustavo
Fruet (PSDB-PR), sub-relator de
movimentação financeira.
Na sexta-feira, a Folha revelou
transferências de R$ 4 milhões da
conta pessoal de Duda às vésperas
de seu depoimento à CPI. O dado
foi descoberto pela análise de parte do extrato bancário de Duda
por técnicos ligados à oposição.
Os arquivos enviados pelos
bancos BankBoston, Safra e Real
não identificam os responsáveis
por receber ou creditar recursos
em milhares de operações. Sem os
nomes, técnicos da CPI não podem continuar a investigação.
O Banco Safra afirma já ter enviado os dados requisitados.
BankBoston e Real dizem estar
corrigindo as deficiências.
Devido à demora no envio das
informações solicitadas, o deputado Fruet disse que passará a formalizar pedidos de complementação dos dados bancários diretamente ao presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS).
Segundo o deputado, após as reportagens da Folha sobre falhas
na base de dados da CPI, o BankBoston colocou um técnico à disposição da comissão para ajudar
na complementação dos dados.
Há 17 clientes do BankBoston
sob investigação. Segundo técnicos da CPI, em nenhum caso os
dados bancários estão completos.
O banco enviou a movimentação
financeira das contas, mas não informou (parcialmente em alguns
casos e integralmente em outros)
nem o nome dos depositantes
nem o dos beneficiários.
Entre os 17, estão também Zilmar Fernandes (sócia de Duda),
Renilda Santiago (mulher de
Marcos Valério), Geiza Dias dos
Santos (funcionária da agência de
publicidade SMPB, pela qual Valério distribuía o "mensalão"),
Cristiano de Mello Paz (sócio de
Valério) e as empresas CEP Comunicação e Estratégia Política
Ltda. (pertencente a Duda), Graffiti Participações e 2S Participações, das quais Valério é sócio.
Há 47 operações sem identificação na conta do deputado cassado
José Dirceu (PT-SP), no Banco
Real, incluindo uma entrada e
uma saída de R$ 32 mil cada uma.
Na base de dados enviada pelo
banco, também estão sem explicações 2.648 operações de crédito
e débito nas contas da empresa de
aviação Skymaster Airlines, contratada dos Correios.
A maior atenção na CPI hoje gira em torno das contas de Duda
Mendonça. São aproximadamente 2.080 operações que o banco
não identificou apenas na conta
da Duda Mendonça Associados.
O publicitário depôs na CPI no
dia 11 de agosto de 2005. Entre os
dias 5 e 16 do mesmo mês, transferiu R$ 4,3 milhões a parentes e a
empresas de sua propriedade. No
dia 10, repassou R$ 1 milhão à sua
agência de publicidade, Duda
Mendonça Associados.
As contas correntes de Duda
tanto na pessoa física como na jurídica são do BankBoston. Na base de dados enviada pelo banco à
CPI, aparece o recebimento de R$
1 milhão no dia, sem identificação
do depositante. Na de pessoa física, há dados disponíveis para movimentações feitas somente até o
fim de agosto.
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