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Deputado eleito é acusado de chefiar esquema para fraudar INSS
O peemedebista Carlos Bezerra nega ser responsável por suposta fraude em licitação para tentar desviar R$ 100 milhões quando presidia o órgão em 2004
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Presidente do INSS em 2004,
o deputado federal eleito Carlos Bezerra (PMDB-MT) está
sendo processado criminalmente pelo Ministério Público
Federal, sob acusação de ter
montado um esquema para
tentar desviar, em benefício
próprio e de terceiros, mais de
R$ 100 milhões do órgão.
Bezerra virou réu, por prática de corrupção, no dia 13 do
mês passado, quando a Justiça
Federal aceitou a denúncia. Ele
nega ter cometido irregularidades (leia texto nesta página).
O caso é o maior escândalo
envolvendo o INSS, em termos
financeiros, no governo Lula.
Mas não é o único protagonizado por Bezerra. Ele foi condenado pelo Tribunal de Contas da União, em julho de 2006,
por supostamente ter beneficiado o BMG ao franquear ao
banco a base de dados de pensionistas e aposentados. Ele recorreu da decisão.
O episódio foi um dos pontos
centrais do escândalo do mensalão. O BMG concedeu empréstimos ao PT por meio do
"valerioduto" -esquema que
seria montado por petistas e
pelo empresário Marcos Valério de Souza para repasses de
dinheiro a deputados.
O Ministério Público também acusou Bezerra de ter "se
associado" à máfia dos sanguessugas quando senador.
Presidente do PMDB do Mato Grosso, Bezerra pretende indicar apadrinhados ao governo.
Em 2004 o INSS, por meio da
Dataprev (ligada ao Ministério
da Previdência), fez licitação
para alugar 16.631 máquinas, ao
custo total de R$ 262 milhões.
A concorrência, no entanto,
foi fracionada em duas. A de
maior valor (locação de 7.000
computadores, por dois anos, a
R$ 146 milhões) foi vencida pela Siemens por R$ 145.998.000.
A relação de irregularidades
apontadas pelo Ministério Público na licitação é extensa. Primeiro: se, em vez de alugar os
7.000 computadores, os equipamentos fossem comprados,
eles custariam R$ 52,4 milhões.
Os procuradores Raquel
Branquinho e José Alfredo de
Paula Silva, resumiram o caso:
"Ação concertada entre os administradores do INSS e da Dataprev e as empresas que participaram do certame, notadamente a Siemens, para contratações ilícitas a preços superfaturados, com direcionamento a
fornecedores, mediante o fracionamento da locação desses
equipamentos".
Entre os denunciados, está o
então presidente da Dataprev,
José Jairo Cabral.
Apesar de a licitação ter sido
vencida pela Siemens, o Ministério Público e o TCU conseguiram suspender o desembolso
do dinheiro na Justiça.
"Pelo exposto, conclui-se que
os denunciados Carlos Bezerra,
José Jairo [...], em conluio com
o representante da empresa
Siemens, Júnio César [...], praticaram os atos ilícitos descritos nesta petição para promover o desvio de vultosas quantias dos cofres públicos."
O caso foi objeto de ação por
improbidade administrativa
contra Bezerra e os demais envolvidos em 2004. No ano passado, os procuradores entenderam que havia elementos para
processar Bezerra também na
esfera criminal por corrupção
de funcionário público.
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