São Paulo, terça-feira, 22 de janeiro de 2008

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Procuradoria quer localizar corpo de espanhol morto

Ministério Público abre procedimento para localizar sepultura na vala de Perus

Miguel Nuet foi preso para "averiguação de subversão" e teria se matado; família, localizada pela Folha, quer uma nova investigação

RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público Federal em São Paulo abriu procedimento para tentar localizar a sepultura do espanhol Miguel Sabat Nuet, 50, morto numa cela do Dops em novembro de 1973 e enterrado na Vala de Perus, no cemitério Dom Bosco.
Na semana passada, a Folha encontrou parentes de Nuet em Barcelona, na Espanha, e em Caracas, na Venezuela. Eles cobraram explicações para a morte. Preso por "averiguação de subversão" em outubro de 1973, Nuet teria se suicidado 51 dias depois, segundo a versão policial da época. Segundo seus familiares, Nuet, vendedor de veículos, não tinha vínculos com nenhuma organização de esquerda.
Nos anos 90, a investigação deixou de ser aprofundada pela Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos porque a família de Nuet não foi encontrada.
A procuradora da República em São Paulo Eugênia Favero disse que a localização do corpo poderá ser dificultada pela desorganização do cemitério. Ao longo dos anos, houve mudanças na numeração de quadras e terrenos. O corpo de Nuet estaria no terreno 485 da quadra 7, segundo a guia de enterro do serviço funerário datada de dezembro de 1973.
Após a eventual localização dos restos mortais, deverão ser feitos exames para confirmação da identidade do morto e tentativas de se descobrir a causa da morte.
A Procuradoria também tenta localizar em Perus os corpos de dois militantes de esquerda, um do Molipo (Movimento de Libertação Popular), grupo de esquerda armada formado, em parte, por militantes que treinaram guerrilha em Cuba, e outro da ALN (Aliança Libertadora Nacional), grupo de guerrilha urbana.
O cemitério foi o destino de centenas de corpos de indigentes, militantes políticos e vítimas de esquadrões da morte na ditadura (1964-1985).


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