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foco
Rede de computadores do governo federal registra 87 ataques virtuais por hora
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As 320 redes de computador do governo federal são
alvos diários de milhares
"crackers", ou seja, pessoas
dispostas a invadir sistemas
para recolher informações
sigilosas, fazer chantagem
virtual e disseminar vírus.
Todos os dias é registrada
uma média de 87 ataques
virtuais por hora nas máquinas de ministérios, secretarias e estatais.
Entre 2007 e 2008, o número de notificações diárias
saltou de 1.260 para 2.100,
um aumento de 40%, segundo o Centro de Incidência de
Redes, órgão subordinado ao
GSI (Gabinete de Segurança
Institucional) da Presidência da República e responsável por proteger os computadores de todos os órgãos do
Poder Executivo.
O GSI criou, esta semana,
um comitê para cuidar da segurança da informação do órgão. Decidiu dar o primeiro
passo para motivar outras
áreas do governo a se protegerem dos ataques.
As milhares de notificações
diárias referem-se a invasões
e, principalmente, a "spams"
(mensagens comerciais não
solicitadas) e "fishings" (mensagens com arquivos que "pescam" dados) que as próprias
redes não conseguem evitar.
Segundo o diretor do Departamento de Segurança da Informação e Comunicações do
governo, Raphael Mandarino,
apenas uma rede do governo,
em 2007, sofreu mais de três
milhões de ataques distintos.
As invasões são tratadas sob
sigilo pela Presidência da República, que conseguiu identificar mais de 30,6 mil tentativas e ataques no ano passado.
A maioria deles são feitos por
computadores registrados no
Leste europeu e no sudoeste
asiático. "O que me preocupa
são as que não detectamos",
afirma Mandarino.
Para se proteger, o governo
contrata "white hats", uma espécie de "hackers" do bem. No
entanto, eles não conseguiram
evitar, em 2007, o sequestro
das senhas de um servidor de
um importante órgão federal.
Mas foram capazes de desvendar o código usado pelo sequestrador e evitar o pagamento do resgate de US$ 250
mil solicitado pelos criminosos. O caso está sendo investigado pela Interpol.
Dados do próprio governo
revelam que 48% dos órgãos
federais não possuem procedimentos de controle de acesso.
A análise de risco é feita apenas por 25% das instituições e
a grande maioria não é capaz
de normalizar a rede após os
ataques.
O Tribunal de Contas da
União já alertou para a fragilidade das redes do governo federal. Conforme portaria publicada no "Diário Oficial" da
União, o GSI montou um comitê para reforçar a segurança
e padronizar os sistemas usados pelo próprio gabinete bem
como os utilizados pela Abin
(Agência Brasileira de Inteligência) e pela Secretaria Nacional Antidrogas. "Estamos
dando exemplo", diz Mandarino, informando que agora será
mais fácil controlar o acesso a
informações sigilosas bem como fazer rastreamento em caso de vazamento de dados da
agência de inteligência.
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