|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MST diz que crise favorece reforma
Para dirigentes do movimento, falta de crédito ao agronegócio facilita a aquisição de terras para assentamentos
Tema dominou discussões do primeiro dia do encontro em comemoração aos 25 anos do MST; militantes também criticaram Lula
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SARANDI (RS)
A crise financeira internacional despertou avaliações otimistas do MST (Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra) sobre a ampliação da reforma agrária no país. O tema
dominou o primeiro dia de debates do encontro nacional do
movimento, que completa 25
anos de fundação.
A lógica apresentada por dirigentes do MST é que descapitalização de empresas do agronegócio favorece a aquisição de
terras pelo governo para o assentamento de sem-terra.
Para eles, a rápida expansão
territorial de companhias de
celulose e de usinas foi interrompida pela escassez do crédito ou mesmo por prejuízos com
investimentos de risco no mercado financeiro.
O otimismo com oportunidade trazida pela crise encontra o
seu paralelo no desencanto
com o governo Lula, um aliado
histórico dos sem-terra.
"O Lula perdeu a chance de
fazer um grande programa de
reforma agrária, ampla, massiva, de desapropriação e expropriação das fazendas que não
cumprem a função. Lula fez a
opção pelo agronegócio", disse
Marina dos Santos, da direção
nacional do movimento.
O dissabor mais recente veio
esta semana e repercutiu no
encontro nacional. Foi o anúncio da injeção de R$ 2,4 bilhões
do BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) para ajudar a Votorantim Papel e Celulose a comprar
parte da Aracruz Celulose. O
custo total da fusão é estimado
em R$ 2,7 bilhões.
"Com a quebra da Aracruz, só
aqui no RS ficaram disponíveis
mais de 176 mil hectares, porque a empresa parou de adquirir novas áreas para plantar pínus e eucalipto. Agora o governo vem e injeta o dinheiro ao
invés de fazer reforma agrária?", afirmou Cedenir de Oliveira, outro integrante da direção nacional do MST.
Com 1.300 delegados de 24
Estados, segundo a organização, o encontro nacional ocorre
no assentamento criado na antiga fazenda Annoni, local onde
o MST realizou sua primeira
invasão, em outubro de 1984,
nove meses após sua fundação.
O MST não permitiu o acesso
dos jornalistas às plenárias de
ontem. Uma barreira formada
por militantes abordava quem
chegava por uma estrada de
terra e repórteres eram barrados na entrada do assentamento, onde aconteciam entrevistas com líderes do movimento.
Equipes da Brigada Militar
ficam nos cruzamentos que dão
acesso ao lugar para evitar invasões à fazendas próximas.
Texto Anterior: Toda Mídia - Nelson de Sá: Do mercado Próximo Texto: Ambiente: Projeto de Minc expande cultivo de cana até 2017 Índice
|