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São Paulo, sábado, 22 de fevereiro de 2003

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ACM confessou autoria de grampo a Geddel, diz "IstoÉ'; senador nega

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) teria dito que mandou grampear telefones do deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), seu inimigo político, segundo reportagem da revista "IstoÉ" que circula hoje.
Segundo a revista, ACM teria dito a um dos repórteres da "IstoÉ", no último dia 30: "Eu mandei grampear o Geddel". A revista transcreve o seguinte trecho, que ACM teria dito: "O que vou lhe dizer você não pode publicar: eu mandei grampear o Geddel. Gravei quase 200 horas de conversas vergonhosas dele, inclusive com o presidente da República".
Ontem, o senador baiano negou e classificou de "invenção" o relato do jornalista Luiz Cláudio Cunha sobre o encontro dos dois. "É mentira. Não falei nada disso."
ACM disse que vai "tomar as providências cabíveis contra o jornalista" e que está tranquilo quanto à repercussão da reportagem. Ele diz ter testemunhas da conversa com o jornalista.
De acordo com a revista, ACM teria voltado a confirmar seu envolvimento com o grampo no último dia 6, quando teria reconhecido que a gravação é "ilicitude". O caso dos grampos está sendo investigado pela Polícia Federal.
ACM teria dito ao repórter que foram amigos seus os responsáveis pelos grampos: "Uns amigos meus gravaram. Gravaram tudo, a meu pedido".
Segundo ACM, não há elementos para pedir abertura de processo por quebra de decoro contra ele no Conselho de Ética do Senado. "Essa notícia não muda nada, porque vou explicar o que houve. Vou dizer que é mentira dele [do jornalista]. Agravaria a minha situação se eu não desmentisse."
Segundo ACM, o jornalista o procurou para obter informações contra Geddel. Entre outras coisas, queria saber sobre o suposto envolvimento do deputado com uma empreiteira, mas o senador disse que nada sabia a respeito.
ACM confirmou ter entregue ao jornalista o relatório sobre as conversas de Geddel, com anotações suas. Mas negou ter admitido ser o mandante do grampo e ter falado que os executores da escuta destruíram o CD com as gravações, como diz a reportagem.
O grampo de telefones de políticos da Bahia circulou entre jornalistas em agosto e setembro de 2002 com 16 conversas gravadas em um CD-ROM. A Folha teve acesso ao material, como cita a "IstoÉ", e publicou reportagem sobre o caso no dia 12 deste mês.
A revista diz que ACM tem o relatório. O senador repetiu que o relatório com as supostas conversas de Geddel lhe teria sido entregue de forma anônima. E disse não ter tido acesso às gravações.
ACM disse que o jornalista "demonstrou que é mau caráter", porque teria pedido para levar o relatório com o compromisso de não publicá-lo. "Ele me pediu para levar. Eu disse que não podia. Ele pediu para eu confiar nele. Levei uma surpresa quando vi que a revista o publicou. Eu havia até dito que não queria que saísse nada contra o Geddel porque, na época, ele não estava me atacando."
O senador afirmou não estar preocupado com os depoimentos de Adriana Barreto, sua ex-namorada, e do marido dela, Plácido Faria, à PF. A revista não quis comentar as declarações de ACM.


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