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São Paulo, sábado, 22 de fevereiro de 2003

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Economista vê pouca estrutura

DA REPORTAGEM LOCAL

Para o economista Marcelo Néri, o Fome Zero tem demonstrado pouca abertura para o debate e também peca por mostrar um descompasso entre a grande expectativa gerada e a pouca estrutura funcional e de dinheiro do Orçamento para sua execução.
Qualificou como "pouco razoável" dar meios para os pobres consumirem alimentos, obrigando-os, contudo, ao consumo dos produtores locais. É uma "reserva de mercado", e "o pobre não pode ter sua liberdade cerceada", afirmou, provavelmente com base no pressuposto de que o alimento do produtor local é mais caro que o do grande produtor distante.
Disse que o Fome Zero não aproveitou as estruturas da assistência social que entraram em fase de gestação nos dois últimos anos do governo anterior. Ao ignorar as experiências anteriores ou construir algo em paralelo, o Fome Zero surge num vácuo, num vazio, o que compromete sua concepção e sua eficiência.
Ainda com relação a essa falta de continuidade, disse que na área rural a pobreza vem caindo, e as políticas aplicadas pelo governo anterior falharam no combate à pobreza urbana. "Estamos agora reinventando a roda", disse.
Como debatedor mais crítico ao programa, Marcelo Néri citou o caso do Peru e da Bolívia, em que idéias ambiciosas de combate à pobreza geraram uma grande expectativa e, ao malograrem, representaram a perda de um momento histórico. (JBN)


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