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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Em viagem ao Nordeste, presidente afirma que quatro anos é pouco, e que "reparte com os pobres o dinheiro arrecadado com os ricos"
Lula ataca "elite" e diz que seu governo está fazendo história
EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL A JUAZEIRO E PETROLINA
Em plena campanha não declarada à reeleição, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva disse ontem
que não está preocupado com
pesquisas nem com seus adversários políticos. Na prática, porém,
em eventos oficiais em Juazeiro
(BA) e Petrolina (PE), comportou-se como candidato.
Lula falou duas vezes de improviso e ainda concedeu uma rápida
entrevista. Afirmou que quatro
anos são insuficientes para mudar
o país, atacou a "elite" que o antecedeu no Palácio do Planalto, disse que seu governo está fazendo
história ao "repartir com os pobres o dinheiro arrecadado com
os ricos" e voltou a anunciar uma
peregrinação pelo país. "Vou percorrer cada obra que anunciamos
para saber se ela está andando."
Os eventos de ontem nos municípios vizinhos abriram a série de
visitas que o presidente fará até
hoje em obras de novos campi de
universidades federais. Em dois
dias, Lula percorrerá sete cidades
de seis Estados.
Ao comentar a possibilidade de
um boiadeiro se formar nesses
campi, o presidente Lula atacou o
que chama de elite: "Quem é que
disse a ele que o destino lhe reservou montar num cavalo a vida inteira para correr atrás de uma rês
perdida pela caatinga afora? Esse,
na verdade, é o destino provocado por uma elite que nunca se
lembrou dos pobres e, muito menos, que tinha vaqueiro no meio
de pobre".
A recuperação do presidente
Lula nas pesquisas eleitorais está
em grande parte sedimentada entre os eleitores de faixas de renda
mais baixas, como a população a
que o presidente se dirigiu ontem
em seus discursos.
Baianidade
Ontem pela manhã, em Juazeiro, por alguns momentos Lula se
esqueceu do tema do evento e, no
lugar disso, ele narrou ações do
governo e impressões pessoais sobre si mesmo.
Diante do governador baiano
Paulo Souto (PFL), primeiro se
declarou com o "coração transbordando de alegria" por estar na
"querida Bahia" e que o "sangue
de matuto do Nordeste brasileiro" corre em suas veias.
Depois, ao sugerir que deve ter
sido baiano em outra encarnação,
Lula conseguiu o inusitado: arrancou aplausos de pefelistas e
petistas que se misturavam diante
do palanque.
A declaração lembrou um comentário do governador de São
Paulo e pré-candidato à Presidência, Geraldo Alckmin (PSDB).
Um mês atrás, em Recife (PE), o
governador, nascido em Pindamonhangaba (SP), afirmou ser
baiano e ter "raízes nordestinas".
Ontem, Lula disse que sua gestão está fazendo história. "Duvido
que desde o dia em que o Brasil foi
descoberto teve algum governo
que cuidou mais dos pobres da
Bahia do que nós estamos cuidando neste governo. Duvido."
Mais tarde, prosseguiu o sermão em Petrolina, ao citar as
ações do governo na área da educação. Os eventos reuniram poucos estudantes. A maioria dos
presentes -cerca de 500 pessoas
em cada um dos eventos- era
composta de militantes políticos e
de trabalhadores sem terra.
No município pernambucano,
o presidente ainda posou para fotos ao lado de vaqueiros vestidos à
caráter antes de dar um recado indireto aos tucanos, envoltos na
disputa entre Alckmin e José Serra pela candidatura ao Planalto.
"A única coisa que eu peço a
Deus e peço aos políticos é que
quem quiser brigar que brigue,
mas me permitam governar o
país até o final do meu mandato",
afirmou o presidente.
Lula também fez comparações
com o governo anterior. O presidente citou créditos da agricultura familiar, a construção da ferrovia transnordestina e as extensões
das universidades federais
-ações que deseja ver em maio
nas inserções petistas no rádio e
na TV e na campanha eleitoral.
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