São Paulo, sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CPI é criada sem consenso sobre comando no governo

Líderes do governo defendem acordo com oposição para apurar cartões; Lula diverge

Deputados da base recusam idéia de ceder ao PSDB ou DEM o posto de relator ou presidente; Jucá e Roseana ainda buscam acordo


ADRIANO CEOLIN
MARIA CLARA CABRAL
VALDO CRUZ

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CPI mista dos Cartões Corporativos foi criada ontem no Congresso, mas ainda não há consenso dentro do governo sobre a divisão dos dois principais cargos da comissão: de presidente e relator.
Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro José Múcio (Relações Institucionais) e deputados governistas querem controlar os dois postos, os líderes do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e no Congresso, Roseana Sarney (PMDB-MA), defendem que a presidência da CPI fique com a oposição.
Ontem, Jucá e Roseana não conseguiram falar com o presidente Lula sobre o assunto. Ficou agendada uma reunião dos três na próxima terça-feira, quando os dois tentam mudar a posição do governo a fim de evitar que a oposição também instale uma CPI no Senado.
Na tentativa de pressionar o governo, a oposição cobrou do presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), a criação da CPI dos Cartões formada só por senadores. Um requerimento foi apresentado pelo DEM e pelo PSDB, e Garibaldi comprometeu-se a ler o requerimento na próxima semana.
Como os dois partidos têm, juntos, a maior bancada no Senado, eles automaticamente ficarão com uma das vagas de presidente ou relator.
"Meu partido não fará indicação de membros enquanto não houver acordo para presidente e relator", disse o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM). "Não entendo por que o requerimento da CPI no Senado não foi lido", disse o líder do DEM, José Agripino (RN).
Ao longo da semana, Jucá tentou, sem sucesso, convencer o Planalto e a base aliada a dividir o comando da CPI com a oposição. No Senado, os líderes do governo dizem que Lula decidiu não se intrometer no assunto, e que a maior resistência ao acordo vem da Câmara, sobretudo do PT.
Antes mesmo de a CPI mista ser criada, o PMDB e o PT indicaram, respectivamente, o senador Neuto de Conto (PMDB-SC) para presidência e o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) para a relatoria. Anteontem, no entanto, o líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO), já admitia abrir mão da indicação de Conto para acomodar um oposicionista na direção da CPI.
De acordo com o requerimento de sua criação, a CPI mista terá de ser formada por 11 deputados e 11 senadores. No entanto, segundo o regimento comum, as bancadas minoritárias poderão indicar mais um membro cada uma. O prazo de funcionamento será de 90 dias e poderão ser gastos até R$ 200 mil para fazer as investigações.
Após a criação da CPI mista, os líderes indicam seus membros. Caso se neguem a fazer isso, o presidente do Congresso tem de nomeá-los.
Autor do requerimento, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) disse que pretende pedir informações à CGU (Controladoria Geral da União) e ao TCU (Tribunal de Contas da União), além de convocar ministros.


Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Saiba mais: Comissão é a 457ª criada desde 1946
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.