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CPI é criada sem consenso sobre comando no governo
Líderes do governo defendem acordo com oposição para apurar cartões; Lula diverge
Deputados da base recusam idéia de ceder ao PSDB ou DEM o posto de relator ou presidente; Jucá e Roseana ainda buscam acordo
ADRIANO CEOLIN
MARIA CLARA CABRAL
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CPI mista dos Cartões Corporativos foi criada ontem no
Congresso, mas ainda não há
consenso dentro do governo
sobre a divisão dos dois principais cargos da comissão: de presidente e relator.
Enquanto o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, o ministro
José Múcio (Relações Institucionais) e deputados governistas querem controlar os dois
postos, os líderes do governo no
Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e no Congresso, Roseana
Sarney (PMDB-MA), defendem que a presidência da CPI
fique com a oposição.
Ontem, Jucá e Roseana não
conseguiram falar com o presidente Lula sobre o assunto. Ficou agendada uma reunião dos
três na próxima terça-feira,
quando os dois tentam mudar a
posição do governo a fim de evitar que a oposição também instale uma CPI no Senado.
Na tentativa de pressionar o
governo, a oposição cobrou do
presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), a criação
da CPI dos Cartões formada só
por senadores. Um requerimento foi apresentado pelo
DEM e pelo PSDB, e Garibaldi
comprometeu-se a ler o requerimento na próxima semana.
Como os dois partidos têm,
juntos, a maior bancada no Senado, eles automaticamente ficarão com uma das vagas de
presidente ou relator.
"Meu partido não fará indicação de membros enquanto
não houver acordo para presidente e relator", disse o líder do
PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM). "Não entendo por que
o requerimento da CPI no Senado não foi lido", disse o líder
do DEM, José Agripino (RN).
Ao longo da semana, Jucá
tentou, sem sucesso, convencer
o Planalto e a base aliada a dividir o comando da CPI com a
oposição. No Senado, os líderes
do governo dizem que Lula decidiu não se intrometer no assunto, e que a maior resistência
ao acordo vem da Câmara, sobretudo do PT.
Antes mesmo de a CPI mista
ser criada, o PMDB e o PT indicaram, respectivamente, o senador Neuto de Conto (PMDB-SC) para presidência e o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) para a
relatoria. Anteontem, no entanto, o líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO), já admitia abrir mão da indicação de
Conto para acomodar um oposicionista na direção da CPI.
De acordo com o requerimento de sua criação, a CPI
mista terá de ser formada por 11
deputados e 11 senadores. No
entanto, segundo o regimento
comum, as bancadas minoritárias poderão indicar mais um
membro cada uma. O prazo de
funcionamento será de 90 dias
e poderão ser gastos até R$ 200
mil para fazer as investigações.
Após a criação da CPI mista,
os líderes indicam seus membros. Caso se neguem a fazer isso, o presidente do Congresso
tem de nomeá-los.
Autor do requerimento, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) disse que pretende pedir
informações à CGU (Controladoria Geral da União) e ao TCU
(Tribunal de Contas da União),
além de convocar ministros.
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