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Maluf terá de ressarcir R$ 716 mi ao Tesouro
Justiça Federal do Rio recebe pedido de execução da condenação do ex-governador e demais réus no caso Paulipetro
Advogados de Maluf dizem esperar reverter pagamento por meio de ação rescisória; em 2007, STF confirmou
a condenação dos réus
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Quase 28 anos depois, a Justiça Federal do Rio de Janeiro
recebeu anteontem um pedido
para que a sentença que condenou os envolvidos no consórcio
Paulipetro -idealizado pelo
ex-governador e deputado Paulo Maluf (PP-SP) em 1979 para
procurar petróleo e gás no Estado- seja executada e os réus
obrigados a ressarcir o Tesouro
em pelo menos R$ 4,3 bilhões.
O pedido de execução, que
ainda será analisado pela Justiça, é a última fase de um processo judicial que se iniciou em
março de 1980 contra Maluf, a
Petrobras, a Cesp (Companhia
Energética de São Paulo), o IPT
(Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo) e dois ex-secretários de Estado, Osvaldo
Palma e Sílvio Lopes.
A partir do momento em que
forem citados pela Justiça, Maluf, as estatais e os ex-secretários terão 15 dias para desembolsar R$ 716,5 milhões cada
um. Uma alternativa é fazer um
depósito judicial para discutir o
valor. Se não pagarem, terão
10% de multa sobre o valor.
O total de R$ 4,3 bilhões é a
somatória do que o Estado de
São Paulo investiu no projeto
Paulipetro entre 1980 e 1984,
em valor atualizado. Eventuais
quantias gastas após esse período serão apuradas e os réus novamente chamados a restituir
os cofres públicos.
A cobrança só é possível porque, no final de 2007, o Supremo Tribunal Federal, órgão
máximo do Judiciário, confirmou a condenação dos réus, pelo Superior Tribunal de Justiça,
por mau uso de dinheiro público no fracassado projeto da
Paulipetro -o processo não
tem relação com eventual desvio de verba.
Advogados de Maluf informaram que têm esperança de
reverter esse pagamento por
meio de uma ação rescisória
que anularia a sentença condenatória. Esse tipo de ação é adotada em casos extremos. Eles
irão alegar que houve violação
do dispositivo legal.
Criada em 1979, a Paulipetro
consumiu aproximadamente
US$ 500 milhões do Tesouro
estadual e descobriu apenas pequenos depósitos de gás na bacia do rio Paraná.
Ação popular
Chama a atenção que o processo movido contra Maluf, os
ex-secretários e as estatais não
foi iniciado pelo Ministério Público, mas pelo então advogado
Walter do Amaral.
Depois, Amaral tornou-se
juiz federal e hoje integra o Tribunal Regional Federal da 3ª
Região (São Paulo).
"Essa é uma das maiores
ações populares da história do
país, que percorreu quase 28
anos pelo Judiciário, submetida a todos os percalços de influências políticas e de recursos
opostos, particularmente por
Paulo Salim Maluf e pela Petrobrás, mas chega, finalmente,
agora, à execução que deverá
ser rápida e eficaz no interesse
do povo paulista", afirmou
Amaral por meio de nota.
O advogado dele, o ex-deputado João Cunha, criticou o que
chamou de desinteresse do Estado em recuperar o dinheiro.
"O Estado já deveria estar na
ação tentando receber o valor.
O governo quer vender a Cesp
por R$ 6,6 bilhões. Nesse processo receberá R$ 4,3 bilhões
mais o que ainda não foi calculado, mas nem se interessa",
afirmou Cunha.
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