São Paulo, domingo, 22 de fevereiro de 2009 |
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Dilma testa força sem Lula; Serra quer impedir prévias
Associada à imagem do presidente, ministra intensifica voo solo em viagens pelo país
A ministra Dilma Rousseff acompanha o desfile do Galo da Madrugada ontem nas ruas de Recife KENNEDY ALENCAR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA Numa espécie de fase 2 da campanha oficiosa ao Palácio do Planalto, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, intensificará as viagens pelo Brasil sem a companhia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Cumprida a fase 1, de associar Dilma à expressão "candidata de Lula", subirá ao palco sozinha em eventos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). A contenda entre os dois potenciais candidatos do PSDB à Presidência também entrou num segundo round. O governador Aécio Neves (MG) rejeitou a articulação para abrir mão antecipadamente da candidatura tucana em favor do colega de São Paulo, José Serra. A Folha apurou que Serra passará a bombardear a possibilidade de prévia, apesar do discurso público de que a aceitará. Reservadamente, um ministro diz que Lula é "grato" pelas críticas da oposição ao apoio público que dá a Dilma. Seria conveniente à estratégia de carimbar a ministra como a candidata de Lula. Para o Planalto, os ataques da oposição contribuíram para uma associação mais veloz e para a estratégia de polarizar com o PSDB. O presidente disse a aliados que Dilma não deixará de viajar devido às críticas da oposição. Afirmou que agora ela viajará sozinha mais vezes. Na última quarta-feira, por exemplo, a ministra foi a São Paulo falar das obras do PAC a sindicalistas. Neste Carnaval, fará um teste de contato popular pela primeira vez sem estar ao lado de Lula -ela programou participações nos blocos de Recife. Pesquisas do PT e do Planalto apontam que é real a marca tucana de boa gerência, enquanto a imagem petista é de maior preocupação com o social. Dilma tem na ponta da língua uma resposta ao bordão "choque de gestão" entoado por Aécio e Serra. Segundo ela, gestão é "processo". O choque seria cortar gastos e demitir funcionários. Ela continuará a insistir na necessidade de fortalecer a burocracia estatal. A entrevista do senador Jarbas Vasconcellos (PMDB-PE) à revista "Veja", atacando o seu partido e o Bolsa Família, foi vista pelo Planalto como boa para Dilma. Aliado de Serra, Jarbas conseguiu unir contra ele os principais dirigentes do PMDB, que já têm hoje tendência pró-Dilma. Ao classificar o Bolsa Família de "maior programa oficial de compra de votos do mundo", Jarbas amplia a coleção de frases de oposicionistas que o PT pretende usar em 2010 para dizer que a oposição não gostaria de pobre. Disputa tucana A principal preocupação de Serra é evitar uma disputa prévia com Aécio. Para isso, aliados do governador argumentarão que será difícil regulamentar as prévias. Haveria dificuldade para definir o público que votaria e o formato da disputa. Serra disse publicamente que aceitava a prévia para sair da defensiva e não dar a Aécio desculpa para eventual saída do partido. Nos bastidores, vai boicotar. De público, insistirá que 2009 é ano de governar a fim de driblar o convite de Aécio para viajar juntos pelo país. Defensor da tese de que o PSDB deva lançar uma chapa puro-sangue, com Aécio na vice de Serra, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso admite que a ideia se enfraqueceu. Ainda que venha a apoiar Serra, Aécio não quer ser vice. Nesse contexto, cresce a chance de o DEM ocupar a vaga de vice na hipótese de vitória de Serra na contenda. O partido já tem um nome: a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), que fez carreira empresarial de sucesso e hoje preside a Confederação Nacional da Agricultura. Ela seria um contraponto a Dilma. A movimentação de Aécio indica que ele deseja mais do que uma "saída honrosa" -no caso, usar uma eventual derrota na prévia para se justificar perante os políticos e o eleitorado de Minas. Assim como Serra, Aécio enxerga em 2010 sua melhor oportunidade para chegar ao Planalto. Lula estará fora da cédula eleitoral. E ele acha que, se for o candidato do PSDB, conseguirá atrair maior apoio de fatias do PMDB e do PSB, hoje partidos do campo lulista. Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Ministra deixa "Obama" e "Lula" decepcionados Índice |
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