São Paulo, segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

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Crise acarreta indefinições em secretarias

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A crise política que atinge o governo do Distrito Federal gerou indefinição quanto ao futuro de projetos que estavam em andamento e secretários já manifestam preocupação com a continuidade das ações de suas pastas e até com a solução de problemas como falta de pessoal, atraso em obras e revisão de contratos.
Com falta de médicos e enfermeiros nos postos de saúde e com o Hospital de Base (que recebe pacientes até de outros Estados) superlotado, o secretário de Saúde, Joaquim Barros, manifesta a apreensão. "É claro que isso [crise] atrapalha o andamento da máquina, porque as pessoas ficam com medo", diz, referindo-se ao clima entre os servidores.
Com cem leitos, o pronto-socorro do Hospital de Base recebe atualmente 200 pessoas. Uma obra de ampliação estava em andamento, mas foi paralisada em outubro do ano passado por falta de recursos.
Logo que assumiu o Executivo distrital, na semana passada, o governador interino Paulo Octávio (DEM) foi ao local, prometeu liberar o dinheiro e terminar dois andares do prédio em obras. Mas o vice-diretor do hospital, Marcos Guimarães, diz que isso, "isoladamente", não resolve o problema.
"A solução passa pela reestruturação do atendimento, com foco nos postos de saúde", diz Guimarães. Para sanar a falta de médicos nos postos, a Secretaria de Saúde chamou, às pressas, 215 médicos já concursados para trabalhar. Em março, deve ser aberto novo concurso para mais 400.
Para piorar, o DF enfrenta ainda uma epidemia de dengue: desde o início do ano, 390 pessoas foram infectadas, 336% a mais que em 2009.
Outro foco de preocupação está na reforma do Mané Garrincha, um dos 12 estádios que receberão os jogos da Copa de 2014. O temor é que a obra possa atrasar. Na próxima quinta, o governo recebe as propostas de preço das construtoras pré-selecionadas na licitação. A escolha final, porém, tem que ocorrer até o fim de março, data limite para o início das obras.
"Não sei o que pode acontecer. A gente não sabe se (Paulo Octávio) vai permanecer, se vai sair", admite Sério Graça, nomeado pelo governador afastado José Roberto Arruda como coordenador do projeto. O outro coordenador era Fábio Simão, ex-chefe de gabinete do governo, que caiu após o escândalo. A ampliação do estádio, de 42 mil para 71 mil torcedores, tem um custo estimado de R$ 600 milhões.
Na pasta de Educação, a secretária, Eunice Santos, garante que todas as 645 escolas do DF estão funcionando normalmente nesse início de ano letivo. Mas reconhece que o escândalo abalou a administração. "É indiscutível que a crise deixou todos fragilizados", diz, em referência às mudanças internas da pasta. Ela é uma dos 12 novos secretários que assumiram após a operação Caixa de Pandora da Polícia Federal.
Na pasta, parte dos funcionários foi deslocada para reavaliar ou até mesmo substituir contratos sob suspeita de superfaturamento. Um destes projetos, para instalar laboratórios de ciências em todas as salas de aula, já foi suspenso.
O governo distrital prevê para esse ano a inauguração de 2.000 obras, que incluem pavimentação de ruas, saneamento, construção de estradas, quadras poliesportivas, VLT e até uma torre de TV digital.
O secretário de Transportes, Alberto Fraga, um dos mais próximos de Octávio, descarta "descontinuidade". Mas para isso, defende a permanência do governador interino. "Sou a favor da governabilidade, acho que Paulo Octávio tem condições para isso. Se houver mudança de rumo, quem será prejudicada é a população", diz. (RENAN RAMALHO)


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