|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Governo não atingirá metas para jovens
Não por acaso, tema é uma das prioridades da campanha de Dilma; eleitores entre 15 e 29 anos são um quarto do total
Jovem Aprendiz deve chegar ao final do ano com 25% dos novos empregos previstos; Projovem baterá, na melhor das hipóteses, 70% da meta
DIMMI AMORA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff escolheu
como primeiro compromisso
eleitoral justamente uma das
fragilidades do governo que ela
defenderá na campanha: a política para a juventude. Depois
do fracasso do Primeiro Emprego, Lula caminha para fechar o segundo mandato com
resultados aquém das metas estabelecidas para os outros principais programas federais voltados para jovens.
O Jovem Aprendiz deverá
chegar ao final do ano com menos de 25% do número prometido de novos empregos para
estudantes. Já o Projovem, um
guarda-chuva de projetos da
Secretaria Nacional da Juventude, estima que, na melhor das
hipóteses, atenderá 70% do público-alvo de 4,2 milhões de desempregados de 15 a 29 anos
sem o ensino básico.
A estratégia de Dilma segue
uma lógica eleitoral, uma vez
que, pelas projeções demográficas, a faixa etária entre 15 e 29
anos representará neste ano
mais de um quarto da população. Mas servirá também para
que a candidatura do PT se antecipe à previsível frustração
dos números esperados para
este ano nas principais políticas para o setor.
No começo de 2008, o Planalto firmou como meta empregar 800 mil pessoas por
meio do Jovem Aprendiz -dez
vezes o número de vagas que o
programa tinha à época. No final de 2009, no entanto, esse
total de contratados era de
155.864. Se mantida a média
dos últimos dois anos, o número de beneficiados chegará em
2010 à casa de 190 mil vagas.
Mas o programa desacelerou
no ano passado. Gerou 21.891
vagas, quase a metade do ano
anterior. Persistindo o ritmo de
contratações em 2009, a meta
de 800 mil atendidos só será alcançada daqui a 30 anos.
O Jovem Aprendiz, baseado
em lei aprovada em 2000 e regulamentada cinco anos depois, não envolve dinheiro público. As empresas médias e
grandes são obrigadas a contratar entre 5% e 15% da sua força
de trabalho nesse tipo de contrato. Os jovens recebem um
salário mínimo/hora e têm
obrigatoriamente de estar cursando uma escola técnica.
Já o Projovem, que custou no
ano passado R$ 1,2 bilhão, alcançou no final do ano passado
1,7 milhão de adolescentes e jovens adultos. A previsão da Secretaria da Juventude é que o
programa ganhe velocidade e
atenda mais 1,3 milhão de estudantes em 2010. Tal cenário é
bastante otimista. Em 2008 e
2009, o Projovem cresceu a um
ritmo de 500 mil novos beneficiados por ano.
Ainda assim, se a previsão da
secretaria se confirmar, terão
sido atendidos 3 milhões de jovens -abaixo dos 4,2 milhões
que em 2008 o governo havia
estipulado como meta.
O Projovem é dividido em
quatro modalidades: Trabalhador, Urbano, Campo e Adolescente. Em todas, os jovens de 15
a 29 anos com frequência escolar acima de 75% recebem uma
bolsa mensal de R$ 100.
O Ministério do Trabalho
não se pronunciou sobre o mau
desempenho do Jovem Aprendiz. O secretário da Juventude,
Beto Cury, destacou "os avanços" do Projovem. Alega que o
programa tem como alvo "a
parte mais vulnerável" da juventude: os sem ensino fundamental e desempregados.
Carlos Lupi, ministro do Trabalho, tem defendido que o governo turbine o Jovem Aprendiz reduzindo encargos trabalhistas para as empresas. Essa
estratégia não surtiu efeito no
Primeiro Emprego.
Wanda Engel, superintendente do Instituto Unibanco,
que desenvolve projetos para
ONGs que atuam na formação
profissional, diz que as empresas têm dificuldade de achar jovens capacitados para exercer
as funções no nível de aprendizagem. "Só 16% dos jovens têm
ensino médio completo no
país. Deveríamos ter 10 milhões de jovens no ensino médio. Mas hoje só existem 3,6 milhões e, destes, metade vai
abandonar. Por isso temos um
apagão de recursos humanos."
Na opinião de Raí Oliveira,
ex-jogador de futebol e hoje diretor de a ONG Atletas Pela Cidadania, há entraves para a
contratação de aprendizes, que,
segundo ele, podem ser resolvidos por meio de um projeto de
lei elaborado após a Conferência para a Juventude de 2008.
Mas, segundo Raí, o projeto está parado na Casa Civil, o ministério da candidata Dilma.
Texto Anterior: Toda Mídia: Trabalho de resgate Próximo Texto: Entrevista da 2ª - Fernando Pimentel: "Se eleita, Dilma não ficará refém do PT" Índice
|