São Paulo, domingo, 22 de fevereiro de 1998

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Painel





O jogo dos rebeldes

Os oposicionistas do PMDB pretendem criar um clima emocional na convenção de 8 de março para tentar adiar para junho a decisão sobre candidatura presidencial própria ou não.


O dedo de Sarney

Caso o PMDB decida em 8 de março não ter candidato próprio ao Planalto, Paes de Andrade começará no dia seguinte a trabalhar para que o partido vá de Lula ou Ciro, já que a convenção não terá discutido especificamente o apoio a FHC.


O império contra-ataca

Os governistas do PMDB planejam levar uma claque maior que a dos oposicionistas para a convenção de 8 de março. É para tentar evitar que se empurre a decisão para junho. Só Iris (Justiça) está garantindo a presença de 6 mil pessoas de Goiás.


Tô pedindo demais, uai?!

A ala que defende candidatura própria no PMDB avalia que, hoje, perderia. Daí, apelar para os convencionais apenas darem uma chance a Itamar e esperarem junho, fim do prazo legal para decidir sobre coligações.


Reza brava

Se tiver êxito em empurrar para junho a decisão do PMDB, os oposicionistas avaliam que desgastariam fortemente FHC. E torcerão para que o presidente se esborrache e Itamar de fato acabe disputando o Planalto.


Banho-maria

Quem conhece Itamar diz que ele continua com a mesma avaliação: hoje não disputaria o Planalto, mas, para que tenha a mínima chance, é melhor que o PMDB não tome em 8 de março uma decisão que beneficie FHC.


Soco no queixo
A ala pró-Itamar no PMDB acha que ele deve telefonar para o governador Antônio Britto (RS), aliado de FHC. Só para relembrar os tempos em que Itamar era presidente e Britto, apenas ministro da Previdência.


Resistência católica
A CPT quer que o assentamento Padre Josimo Tavares (PA) mude de nome. Para religiosos da Comissão Pastoral da Terra, usar o nome do padre, morto na década de 80 por pistoleiros, é jogada de marketing de Raul Jungmann (Política Fundiária).

Estratégia de guerra
FHC decidiu tocar o projeto do Ministério da Defesa só após as eleições. Acha que sua criação logo geraria problemas entre civis e militares, assunto indigesto para a campanha da reeleição.


Vitamina nele

Interlocutores de Maluf (PPB) dizem que ele anda estimulando Pitta a trabalhar um pouco mais. Afirmam que o prefeito de São Paulo cumpre uma rotina burocrática. Exatamente o contrário do ex-prefeito, que tinha uma carga horária bem maior.


Caixa-preta

A Petrobrás enfrenta um problema para cumprir algumas exigências da ANP. Como atuava sozinha, a empresa não sabe os custos de muitas operações isoladas, que agora terá de prestar a terceiros. Exemplo: transportes de óleo e gás por dutos.


Baixo astral

O PT paulista está com dificuldade de formar sua chapa de candidatos a deputado federal por falta de nomes. Por enquanto, só há 38 voluntários, de um total de 105 vagas. Já há quem tema diminuição da bancada.


Marketing é o que vale
O governo começa a montar em abril uma rede pública de informações sobre a área da Saúde, com dados de IBGE, Fundação Getúlio Vargas e ministérios A idéia é reunir dados para combater a divulgação de supostas notícias erradas no exterior.


Fora de hora

Apesar do caos no Rio, o Itamaraty faz lobby para que a cidade vire a sede da Alca (Área de Livre Comércio das Américas). A prefeitura do Rio calcula que isso renderia uma boa bolada.

Vexame internacional

Por conta da invasão do Parque do Iguaçu (PR), o Ibama estuda o cancelamento da visista da Rainha Margrethe 2ª da Dinamarca às cataratas do Iguaçu, marcada para o final de março.
TIROTEIO

De Ivan Valente (PT-SP), sobre o governo Covas contratar assessoria de imprensa para melhorar a imagem da política educacional do PSDB:
- É a versão tucana do tema "A Educação a serviço da vida e da esperança" da campanha da Fraternidade: a Educação a serviço da manipulação do povo no ano eleitoral.

CONTRAPONTO

Maluco beleza
Uma das maiores dores de cabeça dos políticos paraibanos na década de 60 era um sujeito popular que morava nas ruas de João Pessoa e atendia pelo apelido de Mocidade.
Ele não podia ver uma aglomeração que disparava a discursar contra o poderoso de plantão.
No meio de seu mandato, já cansado de aturar Mocidade, o governador João Agripino Filho ( 66-71) teve uma idéia.
Convidou Mocidade para morar em um quarto nos fundos do Palácio da Redenção. A tática deu certo por cerca de um ano.
Durante um passeata de estudantes, porém, Mocidade não resistiu aos apelos e, em cima dos muros do palácio, fez um longo discurso contra Agripino.
O governador não se conformou e chamou Mocidade:
- Eu lhe dou o palácio, comida, e você ainda me critica!?
Mocidade não se abalou:
- João. Você tem que ficar contente. Governo é para sofrer mesmo!



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