São Paulo, Segunda-feira, 22 de Fevereiro de 1999
Próximo Texto | Índice

PAINEL

Cerco a Itamar

Covas está preparando um discurso forte para a reunião dos governadores com FHC na sexta. Vai na linha de que, sem a união de todos, será difícil tirar o Brasil da crise. O governador paulista adiou uma sessão de quimioterapia só para estar em Brasília e reforçar a posição do presidente.

Assunto quente

Um senador que conhece bem a ""privatização da Cemig" (na verdade, foram vendidas 33% das ações da estatal elétrica mineira) diz que Itamar terá fôlego longo para enfrentar FHC. E especialmente tucanos mineiros.

Namoro paulistano

Acuado no PPB, o prefeito Celso Pitta flerta com o PMDB. Convidou a quercista Alda Marcoantônio, que ainda não deu resposta, para a Secretaria do Bem-Estar Social. E está arregimentando peemedebistas para ajudar na sua na coordenação política.

Sai ou é jogo de cena?

O governo anunciou publicamente um recuo na decisão de cortar verbas dos programas de combate ao trabalho infantil. Agora, responsáveis pelos projetos perguntam: cadê o dinheiro para cobrir o discurso oficial?

Gringo esperto

FHC queria que Armínio Fraga, presidente indicado do BC, processasse Paul Krugman, que escreveu que Fraga dera informação privilegiada ao especulador Soros (seu ex-patrão). Desistiu porque foi convencido de que o economista americano se vacinara antes, ao pedir desculpas publicamente, via Internet. ""Não ia adiantar nada", lamenta FHC.

Jogando pra frente

Quando perguntam a FHC se e quando André Lara Resende e Mendonção voltam ao governo, ele ri: ""Eu adoraria. Mas os dois estão no mundo. O André, então, não quer nem ouvir falar".

Só pra lembrar

No primeiro turno de 98, FHC teve mais votos em Minas do que Itamar -55,7% dos válidos contra 44,3%. Como o presidente levou no 1º, o governador ficou para o 2º e teve 57,6% dos votos válidos. A lembrança é do próprio presidente, quando fala na tese de o antecessor pensar em golpe.

Visão federal

Acabar com o Proex para as exportações para o Mercosul foi uma medida diplomática, não econômica. A Argentina ficou feliz, mas o Brasil perdeu pouco, argumenta o governo. O Proex foi desvalorizado na mesma proporção do real, porque recolhe em real e financia em dólar.

Se não fizer agora...

Zeca do PT (MS) proporá a FHC, na reunião de governadores, na sexta, uma emenda constitucional que limite os gastos dos Estados com o Legislativo, o Judiciário e o Ministério Público. Avalia que é mais fácil fazer o corte via Congresso do que enfrentar os lobbies regionais.

...não fará nunca

O MS destina 20,5% do orçamento aos demais poderes. A União, só 6%. E o pior é que o governo não tem idéia de como o dinheiro é gasto. O presidente do TCE, Osmar Ferreira, chega a dizer que ""transparência é coisa de quem não tem o que fazer".

Marcha lenta

A reunião do Confaz, amanhã, que vai discutir a redução do ICMS sobre os carros corre o risco de terminar sem decisão. RS, MG e AC são contra. E há outros Estados que só topam a renúncia fiscal em troca do aumento da alíquota de outros produtos.


Idéias e mais idéias

Governador de SC, Amin (PPB) brinca com o estilo do ministro Rafael Greca (PFL): ""Ele esteve aqui na semana passada e tem um estilo tão incentivador que os empresários do Estado acham que vai faltar projeto de turismo para tanta promessa".

Disputa dos moderados

Apesar do apoio da cúpula a Genoino, cresceu a candidatura de João Paulo a líder do PT na Câmara. É o nome do baixo clero. A escolha deve ser na quarta.

Me dá um cargo aí

Iris Rezende (PMDB), que perdeu a disputa pelo governo de Goiás para o tucano Marconi Perillo em 98, esteve com FHC na sexta. Está tentando emplacar o novo presidente da Funai.

TIROTEIO

Do governador de Santa Catarina, Esperidão Amin (PPB), sobre a importância da cotação do dólar no dia da sabatina do presidente indicado do Banco Central, Armínio Fraga, no Senado:
- O boato do Krugman e a cidadania americana servirão apenas para fazer fumaça. O busílis da questão será o valor do dólar.

CONTRAPONTO

Deus pede prazo
Em 1988, o então presidente da República, José Sarney, atravessava um momento duro. O Plano Cruzado fracassara, e a inflação voltara com força.
Não bastasse, o deputado federal Ulysses Guimarães (PMDB) dominava os principais movimentos políticos do governo, fazendo e tirando ministros. E, no Congresso Constituinte, Sarney travava ainda a batalha pelo quinto ano de mandato.
No meio desse tiroteio, Sarney convidou o jornalista Augusto Marzagão, que trabalhara para Jânio Quadros e fora diretor da Televisa (rede de TV do México), para ser secretário particular.
Os dois tiveram uma conversa, na qual Sarney expôs cada uma das dificuldades e as batalhas que teriam de enfrentar. Marzagão aceitou, mas, para ilustrar o tamanho do pepino, brincou, arrancando risadas de Sarney:
- Presidente, veja. Para o impossível, posso dar solução imediata. Mas o milagre terá de esperar um pouco mais de tempo.


Próximo Texto: Recessão brasileira assusta exportadores da Argentina
Índice

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.