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COMÉRCIO EXTERIOR
Presidente ataca barreiras impostas por União Européia e EUA às exportações agrícolas do Mercosul
FHC condena protecionismo europeu
da Sucursal do Rio
O presidente Fernando Henrique Cardoso condenou ontem no
Rio o "protecionismo de países desenvolvidos", na abertura da Primeira Reunião do Foro Empresarial Mercosul-Europa.
O presidente disse que, de 1990 a
1996, as importações de produtos
dos países da União Européia pelo
Mercosul aumentaram 274%, mas
as exportações cresceram só 25%.
""Nos últimos três anos, os saldos
comerciais do Mercosul com o
mercado comunitário evoluíram
de uma posição de superávit para
uma situação de déficit", afirmou.
""Esses dados mostram que os países membros da União Européia
são grandes beneficiários do regionalismo praticado pelo Mercosul."
FHC concentrou seus ataques no
setor agrícola. ""Sublinho a preocupação especial do Brasil e de nossos parceiros do Mercosul com a
agricultura. No intuito de isolá-la
das regras normais da competição,
foi montado o maior aparato de
protecionismo e subsidiação de
que se tem notícia, para a preservação dos interesses de um setor."
De acordo com o presidente,
""mais de US$ 160 bilhões são despendidos a cada ano por países desenvolvidos para impedir que sua
agricultura se veja exposta às regras da concorrência. E pior ainda:
para distorcer, com o uso de subsídios, a concorrência em terceiros
mercados."
No meio do seu discurso, lido,
FHC improvisou, quando criticava
as medidas protecionistas: ""Talvez, em defesa da União Européia,
eu possa dizer que os Estados Unidos fazem a mesma coisa." Nesse
momento, foi aplaudido. E acrescentou: "De repente, também
usam as mesmas práticas mal disfarçadas para proteger indústrias
que muitas vezes lá não têm capacidade mais de competir com as
que aqui se fizeram".
Cerca de cem empresários de 16
países participaram da abertura do
encontro, que segue até amanhã.
FHC apontou ""o interesse de alguns de preservar, nas economias
mais desenvolvidas, injustificáveis
nichos de proteção. Não se pode
pressupor uma inesgotável disposição dos países em desenvolvimento de rebaixar suas tarifas industriais, enquanto continuam
elevadas as barreiras ao ingresso
de determinados produtos de nosso interesse exportador".
O tom dos parceiros do Brasil no
Mercosul também foi duro. Julio
Sanguinetti, presidente do Uruguai, disse que o assunto da agricultura "tem de aparecer". "Se não
falarmos de agricultura, não falaremos de nada", afirmou.
O chanceler argentino, Guido di
Tella, representante do presidente
Carlos Menem no encontro, falou
no mesmo tom e também criticou
os gastos dos países desenvolvidos
com o protecionismo agrícola. "É
claro que o tema do protecionismo
agropecuário vai ter que surgir em
todas as nossas próximas reuniões." Ele também foi aplaudido.
Menem não viajou ao Rio, segundo sua assessoria, devido a
problemas de saúde.
Para o presidente do Paraguai,
Raúl Cubas, ""a questão agrícola
deve ser mais discutida".
FHC disse acreditar que o Brasil
continuará a receber investimentos estrangeiros. ""Foi notável o
afluxo do investimento estrangeiro direto. Esses capitais entraram e
continuarão entrando, não só no
Brasil como nos vizinhos do Mercosul, porque não vêm atraídos
por fantasias especulativas."
""Sofremos com ataques especulativos. O último foi contra o Brasil", afirmou FHC. Antes do discurso de FHC, Sanguinetti, Di Tella e Cubas manifestaram solidariedade ao Brasil.
Quase no final de seu discurso,
FHC agradeceu a solidariedade
dos dos governos latino-americanos. Disse também que a superação da pobreza vai de mãos dadas
com o crescimento econômico.
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