São Paulo, segunda-feira, 22 de março de 2004

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OUTRO LADO

Para empreiteiros, cálculo feito por peritos é irreal

DA REPORTAGEM LOCAL

Os empresários Fábio Monteiro de Barros e José Eduardo Ferraz, da Incal e da Ikal, empresas responsáveis pelas obras do TRT-SP, disseram considerar irreal o cálculo pericial feito a pedido da Justiça. Também questionaram o fato de a discussão ser em torno do valor da obra e não sobre a legalidade da contratação, e acusam o Tribunal de ter sido "mau pagador".
"Não tenho conhecimento desse laudo, pois o processo está sob segredo de Justiça. Fiquei sabendo pela reportagem. Muito me estranha o Tribunal ter pago por 20% da obra R$ 60 milhões e os nossos 80% construídos valerem os mesmos R$ 60 milhões. É incompatível e incoerente", disse Barros.
Os dois empresários, que decidiram falar à reportagem em conjunto, afirmam que a obra foi paralisada com 80% do que deveria ter sido feita e que retomariam a execução do restante a um custo de R$ 23 milhões.
Segundo os acusados, o valor para execução da obra na época, R$ 193 milhões, era o menor do mercado. Segundo Ferraz, foram liberados pelo Tribunal R$ 172 milhões, segundo cálculo de 1998, em 80 repasses. "Mesmo assim, havia muito material armazenado, materiais caríssimos ainda em produção, que deixaram de constar nessa conta de execução de obra", disse Ferraz.
Barros e Ferraz informaram não saber se irão tentar impugnar o laudo. "Quero tomar conhecimento oficialmente para analisar", disse Barros.
Para os acusados, a discussão do valor hoje é um equívoco devido às alterações de moeda e à variação cambial.
"Acho mais importante discutir se o contrato é correto ou não. O empreendimento foi capa de revista do setor com todos os valores e ninguém questionou. Por que se calaram? Agora, 12 anos depois, querem questionar o preço? Foi uma licitação pública e ganhamos no menor preço", disse Barros.
Os empresários também afirmaram terem feito um mau negócio. "A concorrência era de preço fechado. Se os insumos subissem, o risco era nosso. O Tribunal foi um péssimo pagador, atrasou todos os pagamentos", afirmou Barros.
Barros e Ferraz afirmaram nunca terem feito repasses de dinheiro para o juiz Nicolau. Os advogados do juiz Nicolau do Santos Neto, Ricardo Sayeg e Thiago Vinicius de Oliveira, foram procurados durante duas semanas, mas não comentaram o assunto.
O ex-senador Luiz Estevão também questionou o valor apresentado pelo laudo. Segundo ele, as denúncias da Promotoria não procedem.


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