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OUTRO LADO
Para empreiteiros, cálculo feito por peritos é irreal
DA REPORTAGEM LOCAL
Os empresários Fábio Monteiro de Barros e José Eduardo
Ferraz, da Incal e da Ikal, empresas responsáveis pelas obras
do TRT-SP, disseram considerar irreal o cálculo pericial feito
a pedido da Justiça. Também
questionaram o fato de a discussão ser em torno do valor da
obra e não sobre a legalidade da
contratação, e acusam o Tribunal de ter sido "mau pagador".
"Não tenho conhecimento
desse laudo, pois o processo está sob segredo de Justiça. Fiquei sabendo pela reportagem.
Muito me estranha o Tribunal
ter pago por 20% da obra R$ 60
milhões e os nossos 80% construídos valerem os mesmos R$
60 milhões. É incompatível e
incoerente", disse Barros.
Os dois empresários, que decidiram falar à reportagem em
conjunto, afirmam que a obra
foi paralisada com 80% do que
deveria ter sido feita e que retomariam a execução do restante
a um custo de R$ 23 milhões.
Segundo os acusados, o valor
para execução da obra na época, R$ 193 milhões, era o menor
do mercado. Segundo Ferraz,
foram liberados pelo Tribunal
R$ 172 milhões, segundo cálculo de 1998, em 80 repasses.
"Mesmo assim, havia muito
material armazenado, materiais caríssimos ainda em produção, que deixaram de constar nessa conta de execução de
obra", disse Ferraz.
Barros e Ferraz informaram
não saber se irão tentar impugnar o laudo. "Quero tomar conhecimento oficialmente para
analisar", disse Barros.
Para os acusados, a discussão
do valor hoje é um equívoco
devido às alterações de moeda
e à variação cambial.
"Acho mais importante discutir se o contrato é correto ou
não. O empreendimento foi capa de revista do setor com todos os valores e ninguém questionou. Por que se calaram?
Agora, 12 anos depois, querem
questionar o preço? Foi uma licitação pública e ganhamos no
menor preço", disse Barros.
Os empresários também afirmaram terem feito um mau negócio. "A concorrência era de
preço fechado. Se os insumos
subissem, o risco era nosso. O
Tribunal foi um péssimo pagador, atrasou todos os pagamentos", afirmou Barros.
Barros e Ferraz afirmaram
nunca terem feito repasses de
dinheiro para o juiz Nicolau.
Os advogados do juiz Nicolau
do Santos Neto, Ricardo Sayeg
e Thiago Vinicius de Oliveira,
foram procurados durante
duas semanas, mas não comentaram o assunto.
O ex-senador Luiz Estevão
também questionou o valor
apresentado pelo laudo. Segundo ele, as denúncias da Promotoria não procedem.
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