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PF vai investigar violação de sigilo
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal instaurou inquérito para apurar as circunstâncias e os responsáveis pela violação do sigilo bancário do caseiro
Francenildo dos Santos Costa. A
pedido do Coaf (Conselho de
Controle de Atividades Financeiras), a investigação também irá
abranger a origem de depósitos
de cerca de R$ 25 mil na conta dele na Caixa Econômica Federal.
Anteontem, o Coaf enviou relatório à PF no qual identifica como
movimentação atípica os créditos
feitos na conta de Francenildo
desde janeiro deste ano. O salário
do caseiro é de R$ 700 mensais.
Há depósitos de R$ 9.990 e R$ 10
mil em sua conta.
Segundo Francenildo, o dinheiro foi depositado por seu pai biológico, o empresário Eurípedes
Soares da Silva, que tem uma empresa de ônibus em Teresina (PI).
Silva confirma ter feito os depósitos, mas nega a paternidade.
A Folha apurou que o presidente do inquérito, delegado Rodrigo
Carneiro Gomes, pedirá à Justiça
hoje a quebra do sigilo da conta de
Francenildo, pois só pode iniciar a
investigação com dados oficiais.
Já circulam em Brasília os extratos
bancários dele. A PF também pedirá judicialmente que a Caixa informe quem acessou os dados sigilosos de seu correntista, que se
tornou famoso ao revelar que o
ministro Antonio Palocci freqüentava uma casa no Lago Sul
conhecida como "casa do lobby".
A casa foi alugada e era freqüentada, ao longo de 2004, por ex-assessores de Palocci, como Vladimir Poleto, Rogério Buratti e Ralf
Barquete. O grupo ficou conhecido como "República de Ribeirão"
e é investigado por suspeita de ter
intermediado negócios com o governo, com cobrança de propina.
É provável que a PF ouça nesta
semana funcionários da Caixa e
que também solicite à Justiça autorização para busca e apreensão
de documentos no banco a fim de
elucidar as responsabilidades sobre a violação do sigilo.
Em entrevista, o presidente da
Caixa, Jorge Mattoso, admitiu
que, pelo formato das cópias de
extrato da conta de Francenildo e
pelos dados que os papéis que circulam em Brasília contêm, os documentos realmente saíram do
sistema do banco, conforme a Folha revelou ontem.
Ontem o ministro da Justiça,
Márcio Thomaz Bastos, enviou
ofício ao procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, no qual informa ter determinado a abertura de inquérito para
apurar "suposta ilegalidade" na
obtenção dos dados bancários do
caseiro e pede que o Ministério
Público Federal acompanhe as investigações conduzidas pela PF.
Dirigindo-se ao procurador-geral, Bastos diz no ofício: "Agradeceria a Vossa Excelência a indicação, com a urgência que o caso requer, de um procurador para
acompanhar" a investigação.
Na segunda-feira, Bastos disse
que o caso é "grave" e que a PF irá
apurá-lo com rigor. O Ministério
Público do Distrito Federal abriu
procedimento investigatório criminal para apurar a violação do
sigilo. A medida atende à representação do advogado do caseiro.
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