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Câmara aprova projeto que proíbe
pesquisas 15 dias antes da votação
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Câmara dos Deputados aprovou ontem à noite a restrição à divulgação de pesquisas eleitorais
nos últimos 15 dias antes da votação. A restrição é um dos itens do
projeto de lei que visa baratear os
custos de campanhas eleitorais. O
projeto ainda precisa passar por
uma última votação no Senado.
Mesmo que seja aprovada também pelos senadores, não é certo
que a medida tenha validade já
para a eleição deste ano, em razão
da exigência de que mudanças
nas regras sejam aprovadas com
um ano de antecedência para entrarem em vigor. Deve haver uma
nova batalha jurídica sobre o tema, semelhante à que está sendo
travada com relação à quebra da
verticalização nas coligações.
A votação foi simbólica, tornando impossível saber quantos a defenderam e quantos foram contrários. Partidos como PT, PDT e
PSOL apoiaram a restrição, argumentando que ela evitaria manipulações eleitorais. "A opinião do
eleitor é formada ao longo dos
meses e não por pesquisas nos últimos dias", disse o líder do PT na
Câmara, Henrique Fontana (RS).
Legendas como PFL e PMDB
foram contra, alegando liberdade
de expressão. "O Supremo não
vai permitir isso. Nenhuma lei
por ir contra a garantia constitucional do direito à informação",
disse o deputado Pauderney Avelino (PFL-AM).
A sessão foi tumultuada. O PT,
em uma inusitada aliança com o
PSOL, o PPS e o PDT, reclamou
do fato de o sentido original do
projeto ter sido diluído.
O que causou mais revolta foi a
derrota da medida considerada
de maior caráter moralizador, o
estabelecimento de um teto para
gastos de campanha pela Justiça
Eleitoral. A versão aprovada deixa
a cargo da Câmara a tarefa de
aprovar um teto. Contudo, se isso
não for feito até 10 de junho, o teto
é definido por cada partido. Na
prática, nada deve mudar, uma
vez que os partidos terão um estímulo a não votar a lei.
Outro item polêmico foi a manutenção da presença de cabos
eleitorais nas eleições. Deputados
apontaram incoerência com o espírito do projeto de lei, já que foi
aprovada a proibição da distribuição de brindes como chaveiros e
camisetas por candidatos. As aparições em outdoor também foram
vetadas, além da doação por candidatos de prêmios a entidades ou
troféus em eventos esportivos,
práticas comuns em campanhas.
"Sem estabelecer o teto e mantendo os cabos eleitorais, tudo isso vira perfumaria", protestou
Ivan Valente (PSOL-SP).
Uma medida aprovada poderá
restringir a possibilidade de que
seja pedida a impugnação na Justiça de candidatos ou partidos por
irregularidades cometidas. Agora, para que a representação seja
feita, a lei exigirá que isso ocorra
"relatando fatos e indicando provas". "No lugar de um avanço como esperávamos, está havendo
uma restrição à sociedade", disse
Miro Teixeira (PDT-RJ). Ainda
falta votar 15 destaques para concluir a tramitação, o que pode
ocorrer até o final da semana.
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