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FORÇAS ARMADAS
Órgão, no entanto, não avaliou se houve abuso de poder
General teve "tratamento privilegiado", diz comissão
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os cinco integrantes da Comissão de Ética Pública da Presidência da República reconheceram
ontem que o comandante do
Exército, general Francisco Albuquerque, obteve "tratamento privilegiado" ao conseguir embarcar
num vôo comercial da TAM no
início deste mês.
Não foi avaliado, porém, o
eventual abuso de poder. Após
reunião no Planalto, informou
que o general não faltou com a ética e que tanto ele como demais
autoridades de primeiro e segundo escalões devem ser cuidadosas
diante de demandas privadas.
"Dada a virtual impossibilidade
de separar o cidadão Francisco
Albuquerque do comandante do
Exército, em razão da importância e visibilidade do cargo público
que ocupa, resultou-lhe tratamento privilegiado, em detrimento dos direitos também legítimos
dos outros passageiros do vôo da
TAM", afirma relatório da comissão enviado ao Exército.
No dia 1º, o militar e sua mulher
embarcaram num vôo Campinas-Brasília após o procedimento
de entrada de passageiros na aeronave ter sido encerrado. O vôo
estava lotado e o comandante somente se acomodou depois que
duas pessoas concordaram em
deixar o avião.
A comissão, que não possui poder punitivo nem prerrogativa de
investigação, encerrou o caso do
general. Mas, ao reconhecer o privilégio ao militar, decidiu recomendar a membros do governo
que tenham mais cuidado ao tratar de suas demandas privadas.
"No encaminhamento de suas
demandas privadas junto a entidades ou órgãos, públicos ou privados, deixem claro [...] estar
agindo na condição de cidadãos,
recusando qualquer precedência
em função do cargo público que
ocupam, sobretudo quando tal situação puder ocorrer em detrimento de direitos equivalentes de
terceiros ou induzir à percepção
de desvio ético de conduta."
A sugestão de reconhecer o privilégior e recomendar cuidados
extras às autoridades partiu do relator da reunião, o ex-ministro
Marcílio Marques Moreira. Presentes, o advogado Fernando Neves, presidente da comissão, e o
consultor Antoninho Trevisan
avalizaram o relatório. A advogada Carmen Lúcia Rocha e a professora Maria Victoria Benevides
aprovaram o texto por telefone.
O relatório foi feito com base
em manifestações enviadas pelo
Exército, pela TAM e pelo Departamento de Aviação Civil. A comissão avalia que, para concluir
se houve abuso de poder, teria de
partir para uma investigação, o
que fugiria de suas atribuições.
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