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PF indicia Jefferson por caso dos Correios
Deputado cassado é acusado de formação de quadrilha por esquema de arrecadação eleitoral que teria comandado na estatal
Indiciamento foi baseado em depoimento de Maurício Marinho; presidente do PTB diz que acusações são vagas e baseadas em hipóteses
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal indiciou
ontem o deputado cassado Roberto Jefferson, presidente do
PTB, sob a acusação de formação de quadrilha no inquérito
que apura denúncias de irregularidades nos Correios. A pena
prevista para este crime é de 1 a
3 anos de prisão.
Segundo a investigação, há
três pontos que levam à conclusão de que Jefferson praticou
esse crime:
1) as afirmações do próprio
investigado de que teria feito
indicações para os Correios em
favor dos interesses do seu partido, entre as quais a de Maurício Marinho, que foi flagrado
em uma fita de vídeo recebendo R$ 3 mil em propina;
2) as afirmações de Marinho
admitindo ter ajudado a arrecadar recursos para políticos,
prática conflitante com seu dever de servidor público;
3) depoimentos de três empresários que confirmaram ter
doado material de campanha
para o PTB porque teriam sido
pressionados por Marinho.
Entre as empresas extorquidas estão a Comércio e Indústria Multiformas Ltda., de Taboão da Serra (SP), e Incomir,
com sede em São Ludgero (SC).
Marinho foi indiciado por
quadrilha, fraude a licitação e
também pelo crime de concussão, que é extorsão praticada
por servidor público.
Jefferson foi ouvido ontem
na sede da PF, em Brasília. Ao
iniciar o depoimento, o delegado Daniel Albuquerque o informou sobre o indiciamento.
"Acusações vagas"
Por meio de seu blog na internet, o presidente do PTB
disse que as acusações da PF
contra ele "são vagas e baseadas
em hipóteses".
"As provas que a PF juntou
contra mim têm como base a
palavra do petequeiro Maurício
Marinho na PF e em um secreto depoimento de Marinho no
Ministério Público Federal, onde fez acordos de delação premiada. Nada bate com o que está provado por outras pessoas
no próprio inquérito", afirmou.
Também conforme Jefferson, nem ele nem "qualquer
companheiro do PTB fez negócio nos Correios para beneficiar o partido".
O vídeo em que Marinho recebe propina deu início à crise
que culminou com a denúncia
de Jefferson sobre o mensalão.
A assessoria de imprensa da
PF informou que "o indiciamento é técnico e baseia-se em
robustos fatos que comprovam
que o então deputado indicou
pessoas para, nos Correios, angariarem fundos para seu partido, caracterizando assim o crime de quadrilha".
Em nome de Marinho, o advogado Sebastião Coelho disse
que os indiciamentos feitos
contra seu cliente não têm fundamento. "São apenas uma satisfação que a PF queria dar à
sociedade", afirmou.
A Folha tentou entrar em
contato com as empresas que
teriam sido extorquidas ontem
à noite, mas não conseguiu localizar os representantes até o
fechamento desta edição.
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