São Paulo, quinta-feira, 22 de março de 2007

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PF indicia Jefferson por caso dos Correios

Deputado cassado é acusado de formação de quadrilha por esquema de arrecadação eleitoral que teria comandado na estatal

Indiciamento foi baseado em depoimento de Maurício Marinho; presidente do PTB diz que acusações são vagas e baseadas em hipóteses


ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal indiciou ontem o deputado cassado Roberto Jefferson, presidente do PTB, sob a acusação de formação de quadrilha no inquérito que apura denúncias de irregularidades nos Correios. A pena prevista para este crime é de 1 a 3 anos de prisão.
Segundo a investigação, há três pontos que levam à conclusão de que Jefferson praticou esse crime:
1) as afirmações do próprio investigado de que teria feito indicações para os Correios em favor dos interesses do seu partido, entre as quais a de Maurício Marinho, que foi flagrado em uma fita de vídeo recebendo R$ 3 mil em propina;
2) as afirmações de Marinho admitindo ter ajudado a arrecadar recursos para políticos, prática conflitante com seu dever de servidor público;
3) depoimentos de três empresários que confirmaram ter doado material de campanha para o PTB porque teriam sido pressionados por Marinho.
Entre as empresas extorquidas estão a Comércio e Indústria Multiformas Ltda., de Taboão da Serra (SP), e Incomir, com sede em São Ludgero (SC).
Marinho foi indiciado por quadrilha, fraude a licitação e também pelo crime de concussão, que é extorsão praticada por servidor público.
Jefferson foi ouvido ontem na sede da PF, em Brasília. Ao iniciar o depoimento, o delegado Daniel Albuquerque o informou sobre o indiciamento.

"Acusações vagas"
Por meio de seu blog na internet, o presidente do PTB disse que as acusações da PF contra ele "são vagas e baseadas em hipóteses".
"As provas que a PF juntou contra mim têm como base a palavra do petequeiro Maurício Marinho na PF e em um secreto depoimento de Marinho no Ministério Público Federal, onde fez acordos de delação premiada. Nada bate com o que está provado por outras pessoas no próprio inquérito", afirmou.
Também conforme Jefferson, nem ele nem "qualquer companheiro do PTB fez negócio nos Correios para beneficiar o partido".
O vídeo em que Marinho recebe propina deu início à crise que culminou com a denúncia de Jefferson sobre o mensalão.
A assessoria de imprensa da PF informou que "o indiciamento é técnico e baseia-se em robustos fatos que comprovam que o então deputado indicou pessoas para, nos Correios, angariarem fundos para seu partido, caracterizando assim o crime de quadrilha".
Em nome de Marinho, o advogado Sebastião Coelho disse que os indiciamentos feitos contra seu cliente não têm fundamento. "São apenas uma satisfação que a PF queria dar à sociedade", afirmou.
A Folha tentou entrar em contato com as empresas que teriam sido extorquidas ontem à noite, mas não conseguiu localizar os representantes até o fechamento desta edição.


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