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Alckmin aposta em prévia para firmar candidatura
Ex-governador quer transferir escolha da posição do PSDB para base tucana
Filiados determinariam se PSDB deve ter candidato próprio ou apoiar Kassab; consulta pode ter reflexos, porém, no pleito de 2010
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
Acuado após a recente ofensiva do grupo pró-Gilberto Kassab (DEM), mas amparado pela
liderança nas pesquisas, o ex-governador Geraldo Alckmin
quer usar a realização de prévias no PSDB para encerrar a
disputa em torno de quem o
partido apoiará para a disputa
da Prefeitura de São Paulo.
Anteontem, Alckmin reuniu
seu grupo na capital paulista e
avaliou que está "espremido e
isolado entre as máquinas da
prefeitura e do governo estadual" e que só uma "consulta"
ao partido, aliada ao resultado
das pesquisas, poderá mantê-lo
vivo na disputa.
A consulta, prevista em estatuto e considerada uma saída
extrema até pelos seus aliados,
será utilizada se fracassarem a
manifestação prevista para o
próximo dia 27, convocada por
apoiadores do ex-governador, e
a busca de consenso entre os líderes do partido -Fernando
Henrique Cardoso, José Serra,
Aécio Neves, Sérgio Guerra e o
próprio Alckmin.
"O movimento que nasceu
nas bases do partido fará mais
um ato pró-candidatura própria do PSDB em São Paulo na
próxima quinta-feira. Venha e
convide os amigos para mais
uma noite histórica em defesa
do PSDB", diz texto que está
sendo distribuído pelo grupo a
filiados e simpatizantes.
Alckmin, pré-candidato à
Prefeitura de São Paulo, planeja com isso neutralizar o discurso de que sua intenção de
concorrer nas urnas leva em
consideração apenas aspectos
pessoais em detrimento dos interesses partidários, já que o
PSDB faz parte da atual administração da capital.
Na terça-feira passada, a
maioria dos vereadores tucanos apoiou um manifesto, assinado pelo líder da bancada, Gilberto Natalini, afirmando que
"a cidade é nossa há 40 meses",
já que Kassab era vice de José
Serra (PSDB), empossado em
2005 na prefeitura.
No mesmo dia, Alckmin declarou ser favorável à manutenção da aliança, mas questionou:
"Agora, por que quem está em
primeiro lugar precisa abrir
mão para quem está em terceiro? Eu nunca vi isso".
Foi uma mudança de discurso. Em 2006, Alckmin conseguiu ser o candidato do PSDB à
Presidência, mesmo em situação pior nas pesquisas do que o
também tucano José Serra.
A avaliação dos partidários
de Alckmin é a de que, se as prévias fossem hoje, ele venceria
com 90% de apoio dos aptos a
votar -delegados ou filiados, a
depender do formato em que se
dará a consulta. Com esse resultado, mostraria ter amplo
respaldo da base.
As contas, no entanto, são diferentes no grupo pró-Kassab,
mais próximo também do governador Serra. Pelo menos 9
dos 12 vereadores tucanos da
capital devem fechar com o
DEM, o que aumenta as chances de o ex-governador sofrer
um revés nas prévias. Os "serristas" acreditam que Alckmin
estaria blefando na tentativa de
intimidar o governador.
Precedente
Como o PSDB não tem tradição em prévias, a aplicação do
recurso pode abrir um precedente considerado perigoso pelo grupo ligado a Serra.
Se o partido optar pela consulta no principal colégio eleitoral do país, o caminho ficará
aberto para que o mesmo recurso seja utilizado na escolha
do candidato à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2010.
Além de Serra, o governador
Aécio Neves (MG) é apontado
como "nome natural" para concorrer ao Planalto. Para serristas, o mineiro estaria atuando
em parceria com Alckmin na
estratégia das prévias.
Além da consulta à base do
partido, os "alckmistas" querem evitar o confronto público
com os apoiadores da candidatura de Kassab.
Amanhã, o ex-governador estará em Caxias do Sul (RS), onde participará de encontros e
homenagens com o PSDB local.
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