São Paulo, sábado, 22 de março de 2008

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Alckmin aposta em prévia para firmar candidatura

Ex-governador quer transferir escolha da posição do PSDB para base tucana

Filiados determinariam se PSDB deve ter candidato próprio ou apoiar Kassab; consulta pode ter reflexos, porém, no pleito de 2010

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

Acuado após a recente ofensiva do grupo pró-Gilberto Kassab (DEM), mas amparado pela liderança nas pesquisas, o ex-governador Geraldo Alckmin quer usar a realização de prévias no PSDB para encerrar a disputa em torno de quem o partido apoiará para a disputa da Prefeitura de São Paulo.
Anteontem, Alckmin reuniu seu grupo na capital paulista e avaliou que está "espremido e isolado entre as máquinas da prefeitura e do governo estadual" e que só uma "consulta" ao partido, aliada ao resultado das pesquisas, poderá mantê-lo vivo na disputa.
A consulta, prevista em estatuto e considerada uma saída extrema até pelos seus aliados, será utilizada se fracassarem a manifestação prevista para o próximo dia 27, convocada por apoiadores do ex-governador, e a busca de consenso entre os líderes do partido -Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Aécio Neves, Sérgio Guerra e o próprio Alckmin.
"O movimento que nasceu nas bases do partido fará mais um ato pró-candidatura própria do PSDB em São Paulo na próxima quinta-feira. Venha e convide os amigos para mais uma noite histórica em defesa do PSDB", diz texto que está sendo distribuído pelo grupo a filiados e simpatizantes.
Alckmin, pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, planeja com isso neutralizar o discurso de que sua intenção de concorrer nas urnas leva em consideração apenas aspectos pessoais em detrimento dos interesses partidários, já que o PSDB faz parte da atual administração da capital.
Na terça-feira passada, a maioria dos vereadores tucanos apoiou um manifesto, assinado pelo líder da bancada, Gilberto Natalini, afirmando que "a cidade é nossa há 40 meses", já que Kassab era vice de José Serra (PSDB), empossado em 2005 na prefeitura.
No mesmo dia, Alckmin declarou ser favorável à manutenção da aliança, mas questionou: "Agora, por que quem está em primeiro lugar precisa abrir mão para quem está em terceiro? Eu nunca vi isso".
Foi uma mudança de discurso. Em 2006, Alckmin conseguiu ser o candidato do PSDB à Presidência, mesmo em situação pior nas pesquisas do que o também tucano José Serra.
A avaliação dos partidários de Alckmin é a de que, se as prévias fossem hoje, ele venceria com 90% de apoio dos aptos a votar -delegados ou filiados, a depender do formato em que se dará a consulta. Com esse resultado, mostraria ter amplo respaldo da base.
As contas, no entanto, são diferentes no grupo pró-Kassab, mais próximo também do governador Serra. Pelo menos 9 dos 12 vereadores tucanos da capital devem fechar com o DEM, o que aumenta as chances de o ex-governador sofrer um revés nas prévias. Os "serristas" acreditam que Alckmin estaria blefando na tentativa de intimidar o governador.

Precedente
Como o PSDB não tem tradição em prévias, a aplicação do recurso pode abrir um precedente considerado perigoso pelo grupo ligado a Serra.
Se o partido optar pela consulta no principal colégio eleitoral do país, o caminho ficará aberto para que o mesmo recurso seja utilizado na escolha do candidato à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2010.
Além de Serra, o governador Aécio Neves (MG) é apontado como "nome natural" para concorrer ao Planalto. Para serristas, o mineiro estaria atuando em parceria com Alckmin na estratégia das prévias.
Além da consulta à base do partido, os "alckmistas" querem evitar o confronto público com os apoiadores da candidatura de Kassab.
Amanhã, o ex-governador estará em Caxias do Sul (RS), onde participará de encontros e homenagens com o PSDB local.


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