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EUA ajudam quando ficam longe, diz Jobim
Ministro da Defesa afirma ter explicado projeto que cria o Conselho Sul-Americano de Defesa à secretária Condoleezza Rice
Jobim diz ter conversado muito sobre "as questões da América Latina, mostrando que temos capacidade de resolver nossos problemas"
ELIANE CANTANHÊDE
ENVIADA ESPECIAL A WASHINGTON
O ministro da Defesa, Nelson
Jobim, explicou ontem o projeto do Conselho Sul-Americano
de Defesa em encontros separados com a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, e com o assessor do
Conselho de Segurança Nacional, Stephen Hadley, dizendo a
ambos que a melhor forma de
os Estados Unidos ajudarem
seria "assistindo de fora, ficando à distância".
O relato foi feito pelo próprio
Jobim no CSIS (centro para estudos estratégicos internacionais), com uma explicação um
tanto ácida: "Eu não estava pedindo licença [para eles aprovarem o futuro conselho], apenas dando ciência a um parceiro internacional e mostrando
que se trata de um assunto claramente da América do Sul".
Depois, a jornalistas, ele disse que a conversa com Condoleezza Rice demorou 40 minutos e "foi ótima": "Conversamos muito sobre a posição brasileira nas questões da América
Latina, mostrando que nós temos capacidade de resolver
nossos problemas", relatou, citando que o conselho poderia
ser útil, por exemplo, em casos
como o recente conflito na região, quando tropas colombianas bombardearam guerrilheiros em solo equatoriano.
Segundo Jobim, a secretária
norte-americana considerou
"muito interessante" a iniciativa do futuro conselho, que Jobim discutirá com os governos
da região, começando com um
encontro com Hugo Chávez, da
Venezuela, em 14 de abril.
O ministro avisou que os países da América do Sul não
apóiam grupos guerrilheiros
(numa referência às Farc, Forças Armadas Revolucionárias
da Colômbia) e provocou: os
países consumidores de cocaína (caso dos EUA) também deveriam combater o problema.
Jatos militares
Jobim, que na véspera havia
descartado a possibilidade de
comprar aviões de caça F-35 da
norte-americana Lockheed
Martin, ontem acrescentou
mais um dado à questão sobre a
renovação do esquadrão de caças da FAB (Força Aérea Brasileira). Segundo ele, não foi nem
decidido se haverá compra.
O ministro levantou a hipótese de, em vez de adquirir jatos
de última geração na França, na
Rússia ou nos EUA, o Brasil investir em projetos da Embraer
para aviões de monitoramento,
com capacidade para vôos mais
baixos -mais adequados à fiscalização em áreas de selva.
Segundo ele, o F-18F Super
Hornet da mesma Lockhee
Martin seria mais viável para o
Brasil pelo preço. Enquanto o
F-35 custa entre US$ 50 milhões e US$ 60 milhões, segundo o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, o F-18, modelo que ele substitui,
pode chegar a até 10% disso.
Intercâmbio
Um dos interesses de Nelson
Jobim na viagem aos EUA -a
convite do governo americano- foi estudar o funcionamento das três Forças Armadas. Ele acertou que será destinado um "oficial de ligação"
que irá a Washington estudar
melhor o sistema.
Ele também combinou de
enviar os comandantes do
Exército, da Marinha e da Aeronáutica para visitas nos EUA.
A intenção é consolidar o Ministério da Defesa como órgão
coordenador das três Forças.
Após o encontro com Hadley,
Jobim teve, à tarde, uma mesa-redonda com representantes
da indústria de defesa.
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