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Governo investe em internet
na Amazônia em ano eleitoral
Áreas isoladas receberão também equipamentos de telefonia; custo total é de R$ 9 mi
O investimento será um dos trunfos de Dilma para se defender das críticas de que Lula pouco fez nas áreas de fronteira da região Norte
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em plena campanha eleitoral, o governo federal vai dobrar
o número de equipamentos que
levam telefonia e internet banda larga a comunidades remotas da Amazônia. As antenas e
terminais de última geração
prometem captura de dados
climáticos e troca de informações entre órgãos de defesa e
segurança com mais agilidade.
A partir de julho, 565 terminais de comunicação via satélite serão substituídos e outros
468 instalados em áreas isoladas da Amazônia. O equipamento foi comprado pela Casa
Civil, no final do ano passado,
por R$ 9 milhões.
O investimento será um dos
trunfos da campanha de Dilma
Rousseff, pré-candidata do PT
à Presidência, para se defender
das críticas de que o governo
Lula pouco fez nas áreas de
fronteira e tribos no Norte.
A compra de duas antenas já
instaladas em Brasília e Manaus e de 1.033 terminais é vista também como uma forma de
Dilma se aproximar de nichos
cujos ativistas são alinhados à
candidatura da ex-ministra
Marina Silva (PV), que vai trazer para o debate eleitoral temas relacionados à Amazônia.
Diretamente subordinado à
Casa Civil, o Sipam (Sistema de
Proteção da Amazônia) foi criado para cuidar da Amazônia e
de regiões de fronteira no Norte. Responsável pela aquisição
e instalação dos equipamentos,
o órgão traçou como meta repor 60% do parque tecnológico
até dezembro.
Com uma equipe escassa -só
18 profissionais para cuidar dos
equipamentos em mais de 5
milhões de quilômetros quadrados-, o Sipam está capacitando, em órgãos públicos das
próprias comunidades, mão de
obra para fazer a instalação e
manutenção dos terminais.
A compra foi feita para repor
um equipamento obsoleto que
custou aos cofres públicos US$
1,4 bilhão entre 1998 e 2002 e
operava abaixo da capacidade.
A auditoria da própria Presidência da República, de 2007,
apontou que o sistema de proteção é falho e contabilizou
mais de 50% dos equipamentos
com algum problema. O TCU
(Tribunal de Contas da União)
também constatou que as irregularidades comprometiam a
eficácia do sistema de comunicação e transmissão de dados
dos radares meteorológicos.
Quem trabalha na Amazônia
afirma que a troca de informações não é eficiente. "Nem os
funcionários do próprio governo usam aquela parafernália de
dados. O governo mal usou o
brinquedo novo e já estão trocando", afirma Roberto Smeraldi, diretor da ONG Amigos
da Terra, que implantou 272
estações de rádio na Amazônia.
Clima
Segundo o diretor-técnico do
Sipam, Cristiano da Cunha
Duarte, as condições climáticas
da Amazônia exigem equipamentos diferenciados e mais
resistentes. Ele afirma que a
nova aquisição, feita em uma
empresa israelense, levará à
Amazônia "o que há de mais
moderno no mundo de comunicação via satélite".
"Será como mudar de um sistema de acesso por linha discada para um de banda larga", disse o diretor. Ele sustenta que os
equipamentos serão instalados
neste momento porque só no
final de 2009 foi concluída a licitação. "Fomos ao Congresso
apelar para não cortarem o orçamento outra vez, o que garantiu a verba para a compra."
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