São Paulo, segunda-feira, 22 de março de 2010

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Governo investe em internet na Amazônia em ano eleitoral

Áreas isoladas receberão também equipamentos de telefonia; custo total é de R$ 9 mi

O investimento será um dos trunfos de Dilma para se defender das críticas de que Lula pouco fez nas áreas de fronteira da região Norte

FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em plena campanha eleitoral, o governo federal vai dobrar o número de equipamentos que levam telefonia e internet banda larga a comunidades remotas da Amazônia. As antenas e terminais de última geração prometem captura de dados climáticos e troca de informações entre órgãos de defesa e segurança com mais agilidade.
A partir de julho, 565 terminais de comunicação via satélite serão substituídos e outros 468 instalados em áreas isoladas da Amazônia. O equipamento foi comprado pela Casa Civil, no final do ano passado, por R$ 9 milhões.
O investimento será um dos trunfos da campanha de Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência, para se defender das críticas de que o governo Lula pouco fez nas áreas de fronteira e tribos no Norte.
A compra de duas antenas já instaladas em Brasília e Manaus e de 1.033 terminais é vista também como uma forma de Dilma se aproximar de nichos cujos ativistas são alinhados à candidatura da ex-ministra Marina Silva (PV), que vai trazer para o debate eleitoral temas relacionados à Amazônia.
Diretamente subordinado à Casa Civil, o Sipam (Sistema de Proteção da Amazônia) foi criado para cuidar da Amazônia e de regiões de fronteira no Norte. Responsável pela aquisição e instalação dos equipamentos, o órgão traçou como meta repor 60% do parque tecnológico até dezembro.
Com uma equipe escassa -só 18 profissionais para cuidar dos equipamentos em mais de 5 milhões de quilômetros quadrados-, o Sipam está capacitando, em órgãos públicos das próprias comunidades, mão de obra para fazer a instalação e manutenção dos terminais.
A compra foi feita para repor um equipamento obsoleto que custou aos cofres públicos US$ 1,4 bilhão entre 1998 e 2002 e operava abaixo da capacidade.
A auditoria da própria Presidência da República, de 2007, apontou que o sistema de proteção é falho e contabilizou mais de 50% dos equipamentos com algum problema. O TCU (Tribunal de Contas da União) também constatou que as irregularidades comprometiam a eficácia do sistema de comunicação e transmissão de dados dos radares meteorológicos.
Quem trabalha na Amazônia afirma que a troca de informações não é eficiente. "Nem os funcionários do próprio governo usam aquela parafernália de dados. O governo mal usou o brinquedo novo e já estão trocando", afirma Roberto Smeraldi, diretor da ONG Amigos da Terra, que implantou 272 estações de rádio na Amazônia.

Clima
Segundo o diretor-técnico do Sipam, Cristiano da Cunha Duarte, as condições climáticas da Amazônia exigem equipamentos diferenciados e mais resistentes. Ele afirma que a nova aquisição, feita em uma empresa israelense, levará à Amazônia "o que há de mais moderno no mundo de comunicação via satélite".
"Será como mudar de um sistema de acesso por linha discada para um de banda larga", disse o diretor. Ele sustenta que os equipamentos serão instalados neste momento porque só no final de 2009 foi concluída a licitação. "Fomos ao Congresso apelar para não cortarem o orçamento outra vez, o que garantiu a verba para a compra."


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