São Paulo, domingo, 22 de março de 1998

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Combate à pobreza é foco de atenção

do enviado especial

O combate à pobreza na América Latina, que afeta 150 milhões de pessoas, será outro foco central da Cúpula das Américas. Estamos apenas começando a enfrentar esse desafio", admite Thomas McLarty, o representante especial de Clinton para as Américas. A ênfase será posta na ampliação da disponibilidade de crédito para micro, pequenas e médias empresas.
Mas incluirá o polêmico tema, agora mais atual no Brasil, da reforma agrária e da entrega de títulos de propriedade da terra a quem a ocupa. A titulação seria a melhor maneira de permitir aos novos proprietários o acesso ao crédito, sem o que a reforma agrária fracassa.
Sven Sandstrom, funcionário do Banco Mundial, lembra que, além dos 150 milhões que vivem na pobreza, há um contingente semelhante que está pouco acima da linha de pobreza. "São, por isso, vulneráveis a qualquer choque econômico que afete seu emprego e sua renda".
Ele considera a pobreza disseminada o maior impedimento individual para a estabilidade política e social a longo prazo.
A educação também ganhará ênfase na Cúpula, por ser o principal instrumento para combater a pobreza.
As propostas incluem incrementar o acesso à educação primária e secundária, que significa aumentar recursos para educação básica, melhorar o treinamento de professores e os currículos, aumentar a disponibilidade de livros-textos e expandir acesso à moderna tecnologia.
Números do Banco Mundial mostram que apenas metade dos estudantes latino-americanos que entram no primário completam o curso.
A Cúpula anterior (Miami, 94) já havia incluído entre as metas da integração hemisférica a matrícula no primário de todas as crianças da região até o ano 2010 e a elevação para 75% da porcentagem de alunos que ingressam no secundário.
Por fim, a Cúpula tratará do que se está chamando de "segunda geração" de reformas, após as privatizantes e liberalizantes adotadas recentemente.
Incluem medidas contra a corrupção, prevenção da lavagem de dinheiro, fortalecimento dos Judiciários, maior prestação de contas por parte dos governos e maior proteção aos direitos humanos. Parte das metas, acreditam os governantes, se cumprirá se for expandindo o papel das ONGs (Organizações Não-Governamentais) e da sociedade civil na formulação e implementação de prioridades em políticas públicas. (CR)



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