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HISTÓRIA
Livro traz 800 famílias do Ribeira
Quilombo ainda
existe em São Paulo
LUIS HENRIQUE AMARAL
da Reportagem Local
Estudo inédito que será lançado
em livro no próximo dia 5 identificou a existência de 22 comunidades remanescentes de quilombos
no Estado de São Paulo. Elas são
formadas por descendentes de escravos que se mantiveram unidos
por cerca de dois séculos, mesmo
depois do fim da escravidão.
Estima-se que existam 800 famílias de descendentes de quilombos
no Estado, ou 3.800 pessoas. A
maior parte se concentra na região
do Vale do Ribeira (270 km a sudoeste de São Paulo).
O estudo, que deu origem ao livro "Quilombos em São Paulo -
Tradição, Direitos e Luta", foi realizado por uma equipe da Secretaria da Justiça de São Paulo.
Seu objetivo inicial foi resolver
um problema legal: como atender
ao dispositivo da Constituição de
88 que determinou que os remanescentes de quilombos devem receber os termos de posse da terra?
Junto com o lançamento do livro, o governador Mário Covas
(PSDB) vai assinar uma lei inédita
no país que regulamenta a questão
das terras dos quilombos.
O título de posse da terra não será emitido no nome das pessoas,
mas no da comunidade. "Foi uma
reivindicação da própria comunidade para que sua terra não seja
vendida", diz Benedito Matielo,
advogado e integrante do projeto.
Em todo o país, estima-se que
existam 2.000 quilombolas. O estudo identificou que a maior parte
fica em terras "devolutas", ou seja, que pertencem ao Estado.
"Nesse caso, vamos providenciar
a regulamentação", diz Matielo.
Se os quilombos ficarem em terras particulares, o governo instalará processo de usucapião (eles
teriam direito à propriedade por
estarem no local há muitos anos)
ou poderá desapropriá-las.
"Além de regularizar a terra, a
secretaria criou uma comissão que
acompanhará o desenvolvimento
econômico, social, ambiental e
cultural das comunidades. Não
basta reconhecer a posse da terra,
é preciso dar condições de desenvolvimento", diz Matielo.
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